No momento em que você lê esta matéria, os átomos que constituem seu corpo, computador e o ar ao redor movem-se constantemente. Mesmo em temperaturas muito baixas - reflexo direto da diminiuição da velocidade de movimentação dos átomos -, essas pequenas partes do nosso universo nunca ficam paradas. Por isso, a importância do trabalho de Phillips. Ele conseguiu "parar" um átomo utilizando o laser e com isso foi possível estudar com mais precisão partículas como elétrons, prótons e as diversas forças que atuam nelas. O estudo dessas forças é o que constitui a chamada física quântica.
Velocidade - O estudo originou o Zeeman Slower, aparelho que permite diminuir as velocidades iniciais de um feixe de átomos de 500 a 1000 metros por segundo para 10 m/s. “Foi um grande avanço tecnológico para compreender a estrutura da matéria”, explica Tarcísio Marciano da Rocha Filho, diretor do Centro Internacional de Física da Matéria Condensada, do Instituto de Física, que colabora na organização da palestra.
O método também possibilitou à ciência conhecer ocorrências antes inimagináveis sobre a natureza atômica, como os condensados de Bose-Einstein. Os condensados são uma fase da matéria, assim como a fase líquida e sólida. Nela fase, as moléculas estão tão "quietas" que sua temperatura fica próxima a zero absoluto. Com isso, elas movem-se à mesma velocidade e também possuem a mesma energia, o que permite o fenômeno da supercondutividade, propriedade de alguns materiais de conduzir energia elétrica sem perdas.
Entre os resultados práticos do método de Phillips, estão o aprimoramento dos relógios atômicos e a possibilidade de criar computadores quânticos, tecnologia muito mais rápida e eficiente de processamento do que a que equipa os computadores domésticos. “O transistor e toda a eletrônica moderna são baseados nesse conhecimento”, diz Tarcísio.
DEUS - Willian nasceu em 5 de novembro de 1948, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Desde pequeno, dividiu a paixão pelo baseball com um “kit de química” caseiro que, com o tempo, tornou-se seu principal interesse e o levou a estudar física e matemática, sempre incentivado pelos pais. Apesar de fazer parte de uma das fronteiras do conhecimento científico, o pesquisador acredita em Deus. Para ele, sua fé é "consequência da ciência". William Phillips defendeu esse seu ponto de vista em um interessante artigo. Veja aqui.
Ao receber o Nobel disse que nenhum prêmio compara-se à importância de sua família e amigos. William dividiu o prêmio com o francês Claude Cohen-Tannoudji e o americano Steven Chu. Leia discurso proferido no Nobel e uma autobiografia.
UnB Agência