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O professor da ECA Massimo di Felice, organizador do evento pelo Atopos, explica como se dão os encontros. "Cada dia do evento tem um convidado internacional, que convidamos a relatar sua própria experiência. Na segunda parte há sempre uma mesa-redonda. Nela, nós convidamos professores da USP que estão desenvolvendo atividades de digitalização e que discutem com a comunidade da mesma USP como ela já está de fato neste processo".
Antes de Lévy, outros especialistas de renome vieram ao ciclo. Em abril, o canadense Derrick De Kerckhove esteve na Cidad Universitária. No encontro, o último aluno de Marshal McLuhan defendeu a inteligência conectiva, na qual vai-se criando um conhecimento mundial a partir das conexões que as mídias digitais propõem, e explicou como essa nova lógica obriga as universidades a entrarem nessa lógica de conexão.

“Todos os encontros estão sendo gravados. Faremos no final uma publicação em um livro impresso com todas as participações dos palestrantes principais e dos componentes das mesas da USP - o livro se chamará USP 2.0. Faremos também o DVD. E todas as palestras estão inteiras no site do Ciclo”, informa di Felice.

A era digital e a universidade
Massimo di Felice acredita ser necessária uma mudança de pensamento, ao invés de uma simples mudança de suporte. “Não estamos falando apenas de um fato técnico, isto é, que as bibliotecas, por exemplo, se digitalizem, que o livro digital crie uma forma de acesso diferente”, defende, acrescentando que “queremos discutir como muda a função social da academia num contexto de redes, isto é, num contexto onde não há separação de nenhum tipo de formato de arquivo e público. Num contexto em que todo o conteúdo, toda a pesquisa que a universidade desenvolve pode ser acessada por qualquer cidadão. E num contexto onde as redes permitem uma forma de  sinergia e experimentação social entre empresas, sociedade e universidade. Isto é, num contexto onde a lógica não é mais a separação, mas a conexão. Estas são as questões que nós queremos debater neste ciclo”.

Essa mudança, no entanto, esbarra num conflito geracional. As novas gerações estão “aprendendo a teclar no computador antes de aprender a escrever”, pontua di Felice. Consequentemente, estão acostumadas a um novo tipo de interação comunicativa, em que são protagonistas da informação.

“Antes, uma geração vivia no mesmo contexto tecnológico, isto é, para acontecer uma revolução tecnológico-comunicativa demoravam séculos. A nossa geração já passou por três ou quatro revoluções. Nós passamos da comunicação lógica para a digital, da web 1.0 para a web 2.0, da web 2.0 para a mobilidade”. Posto esse quadro, di Felice defende que há dois caminhos possíveis para a academia: se transformar em digital por inteiro ou se tornar algo descolado da contemporaneidade.

Obviamente, o professor é entusiasta da primeira alternativa. “Não há um processo de aprendizagem por inteiro individual. Para alguém se fechar numa biblioteca e ler um conjunto de livros, precisa conhecer esses livros - e esses livros não se nasce conhecendo, alguém  indica. O conhecimento está sempre ligado à colaboração, desde sempre. As redes amplificam isso e a torna mundial”, argumenta.

Ciclo USP 2.0
A palestra "A Aprendizagem no contexto das Redes Digitais", com Pierre Lévy, acontece quinta-feira (18), das 13h30 às 18 horas, no Auditório Camargo Guarnieri, que fica na Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, São Paulo.

As palestras do ciclo são gratuitas e não necessitam de inscrições prévias.


Pierre Lévy
pierre-levyPierre Lévy nasceu em 1956, na Tunísia. Com formação em História das Ciências, Sociologia e Filosofia, foi Lévy quem cunhou  o termo “inteligência coletiva” no livro “A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço”, escrito em 1994 em francês e traduzido em sete idiomas (a tradução portuguesa se deu em 2000). De 1993 a 1998 foi professor da Universidade de Paris VIII, em 2002 tornou-se professor da Universidade de Ottawa (onde está até hoje) e em 2004 foi eleito membro da Royal Society of Canada.