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Universidade de Brasília - Nenhuma outra obra causou tanto impacto na ciência moderna como A Origem das Espécies do naturalista britânico Charles Darwin. Publicado em 1859, o livro apresentou argumentos consistentes para a evolução dos animais. A teoria levou ao desenvolvimento da Biologia molecular e genética.
A relevância do trabalho divulgado 150 anos atrás pode ser demonstrada pelo empenho de cientistas do mundo todo em avançar nos conceitos difundidos por Darwin, conforme análise de Louis Bernard Klaczko, professor da Universidade Estadual de Campinas.
 
Um dos grandes nomes brasileiros nos estudos sobre evolução, Klaczko apresentou as principais descobertas científicas após a publicação de A Origem das Espécies na tarde de terça-feira, 26 de maio, em palestra na Universidade de Brasília. O encontro faz parte do seminário 200 anos de Darwin que segue com conferências mensais até novembro. “A teoria da evolução não parou em Darwin, teve um longo caminho percorrido por cientistas cuidadosos”, disse.
 
Louis Bernard Klaczko
Roberto Fleury/UnB Agência

Em quase duas horas de palestra, o professor da Unicamp falou da história de mais de 15 importantes estudiosos da teoria da evolução. A trajetória do contemporâneo de Darwin, o antropólogo inglês Alfred Wallace revela os bastidores da publicação do livro A Origem das Espécies. Darwin estava receoso em publicar suas descobertas na Inglaterra até que Wallace, que vivia na Malásia, país do sudeste asiático, mandou um texto para ele com idéias similares às suas.
Os dois publicaram, em 1858, o primeiro artigo sobre a teoria da seleção natural, que explicava os caminhos para a evolução nos animais. Contudo, Wallace acabou indo para segundo plano depois da publicação de A Origem das Espécies, um ano depois. A obra trazia argumentos muito mais consistentes que o artigo feito em conjunto. De acordo com Klaczko, isso não abalou a amizade dos dois.
 
“Wallace era uma figura ímpar, inglês, anti-colonialista, espírita e socialista. E defendia isso tudo ao mesmo tempo. Ele não teve ciúme de Darwin, os dois se davam bem. Inclusive Darwin o ajudou a mudar para a Inglaterra quando teve problemas financeiros na Malásia”, relata o professor da Unicamp, que conta ainda uma importante diferença entre os dois: Wallace excluía o homem da evolução animal, falando de uma intervenção divina nos humanos.
 
ACASO - O monge austríaco Gregor Mendel, considerado o pai da genética, traz um capítulo do acaso nos avanços da teoria da evolução. Darwin morreu em 1882 sem conhecer os conceitos que explicavam como ocorriam as variações nos animais apresentadas por ele. Mas o trabalho que começou a revelar isso estava na sua estante, fechado. Mendel, que estudou a matemática por traz da hereditariedade, havia mandado sua pesquisa para o naturalista britânico, que a guardou sem ler.
 
“Mas os estudos de Mendel só foram reconhecidos muito tempo depois”, afirmou Klaczko, em referência aos trabalhos de três cientistas: o biólogo inglês William Bateson, primeiro a utilizar a palavra genética, o biólogo neerlandês Hugo de Vries, que redescobriu as leis de Mendel, e o botânico dinamarquês Wihelm Johannsen, que inventou as palavras genótipo e fenótipo.
 
Os avanços científicos, destaca Klaczko, são frutos não só do empenho de especialistas do mundo todo, mas da história de encontros e desencontros contadas pelas trajetórias de cada um deles. Os estudos mais recentes decorrem das descobertas do biólogo britânico John Haldane, considerado um dos fundadores da genética populacional. Entre 2003 e 2009, pesquisadores procuram provar que a seleção natural pode ser responsável também pela permanência de genes que tornam a reprodução entre algumas espécies incompatível. Um passo para traçar em detalhes o caminho do surgimento das novas espécies.

UnB Agência