
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) Jorge Nagle, em palestra ministrada na Faculdade de Educação da Unicamp, nesta quarta-feira. Nagle iniciou a palestra lembrando que muitas coisas aconteceram e se deterioraram na história da educação brasileira no decorrer dos anos, uma delas é que no segundo semestre do segundo ano de escola, o aluno aprendia, mas hoje, de acordo com os sistemas de avaliação, alunos de oitava série não sabem ler e escrever. A palestra foi organizada pelo Grupo de Políticas Públicas e Educação (GGPE) da Faculdade de Educação.
O cenário atual, nada favorável na opinião de Nagle, é resultado de uma história da educação brasileira, na qual os novos governos “têm o nefasto prazer de estragar o que os outros iniciaram”. A perspectiva histórica é perdida, para o educador. “Estamos sempre começando do zero, porque não há continuidade dos planos e projetos”, acrescenta. Para Nagle, a situação da escolha poderá melhorar a médio prazo. “Coisa de 15 a 20 anos, se trabalharmos direito, dando continuidade a ações anteriores”, reforça.
Como ex-acadêmico, Nagle ressalta o papel da universidade brasileira, principalmente a pública, no processo de educação brasileira. “O que cabe à universidade pública? Primeiramente, penso que é preciso escolher o tipo de ação pública a realizar para vencer a situação dramática existente na escola atual”, diz.
A atuação da academia se faz importante no aspecto que é para Nagle o mais gritante na situação atual: as séries iniciais. “O ensino fundamental, como é chamado hoje, é a base comum para o povo brasileiro. É o início da escada da escolarização que define a vida escolar e determina o destino social do ser humano”, segundo o educador.
O sistema que impõe nove anos de ensino fundamental também precisa ser repensado, na opinião de Nagle. “Só aumenta um ano numa escola que não produz o que deveria. Não adianta prender o aluno por mais um ano com as deficiências que se apresentam”, questiona.
Comunicação Social Unicamp