De acordo com a professora, em dezembro de 2008 a Universidade de Lisboa (UL) abriu edital para novos pedidos de bolsa. Ela se inscreveu no processo seletivo e sua pesquisa foi selecionada.
Graça explica que a Capes disponibiliza todos os anos uma quantidade de bolsas para capacitação de profissionais brasileiros em determinadas instituições no Brasil e no exterior: “a Capes é um dos órgãos mais importantes do MEC, ela é responsável pela avaliação dos cursos de mestrado e doutorado de todas as áreas de ensino. O curso de Mestrado em Educação da Unisul é recomendado pela Capes, motivo esse que contribuiu na conquista dessa bolsa. Além de ser importante para mim como pesquisadora, é importante para o Programa de Pós-Graduação em Educação e para a própria Unisul, já que o conhecimento produzido a partir da pesquisa lá realizada, vai refletir no curso daqui”, explicou.
Para a seleção, a professora teve de cumprir algumas exigências. “Primeiro tive que ter aceitação pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e também pelo meu orientador do Pós-Doutorado. Tive também que conseguir o aceite do corpo docente do Curso de Mestrado da Unisul – o meu plano de trabalho tem de atender aos critérios do curso, cumprindo também as exigências da Capes. Havia necessidade da Unisul permitir o meu afastamento por três meses. E claro, além disso, era necessário que eu já estivesse envolvida em trabalhos de pesquisa. Hoje os cursos de Pós-graduação Stricto Sensu - Mestrados e Doutorados, têm suas atividades centralizadas na pesquisa. O fato de estarmos publicando trabalhos científicos no Brasil e no exterior dá maior visibilidade ao nosso Mestrado em Educação, em particular e à Unisul”, disse Graça.
“A concessão dessa bolsa pela Capes me deixa muito feliz, isso demonstra também o grau de confiança no nosso Programa, abrindo-se horizontes para outras solicitações de alunos e professores do Mestrado”. O Mestrado em Educação conta, atualmente, com outro professor que está realizando seus estudos Pós-doutorais na Espanha, em Barcelona, e que recebeu uma Bolsa de Estudos da Fundação Carolina.
A Pesquisa
Graça falou ainda sobre a pesquisa que ela vai desenvolver nesses três meses em Portugal. Ela explicou que será uma continuidade de um projeto que já vem sendo realizado entre a Unisul e a Universidade de Lisboa, parceira do curso de Mestrado em Educação por meio de um Acordo Interinstitucional reafirmado em 2008, entre essas IES e que vai até 2013.
“O estudo trata das características da educação superior no Brasil, em especial da concepção de universidade nas suas funções de pesquisa, ensino e extensão, como uma instituição social voltada para a resolução dos problemas da sociedade”.
Segundo Graça, atualmente, muito se fala sobre os índices de inclusão, mas é necessário mais. “Ainda há sérios obstáculos a se transpor, seja na quantidade – no Brasil há um percentual reduzido de jovens que tem acesso a esse nível de ensino - quanto no que se refere à qualidade, que deixa muito a desejar. Apesar dos esforços ainda há muita defasagem entre os níveis desejáveis de pesquisa e o que um país como o Brasil necessita para romper a barreira que o separa dos países que produzem ciência”.
Graça comenta que o Brasil já teve muitas reformas universitárias, mas, ainda do ponto de vista quantitativo, são poucos os que conseguem entrar e/ou permanecer nesse nível de ensino: “no Brasil, apenas 12% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados em alguma instituição de ensino superior, mesmo com tantos investimentos e programas disponíveis - Prouni, Cotas, ingresso sem vestibular, por que os índices não sobem? Essa questão tem de ser estudada porque envolve muitos aspectos, desde acesso à permanência, que passa também pela qualidade da educação dos demais níveis de ensino, entre outros fatores. É isso que vou analisar, se essas reformas interferem na concepção de uma universidade enquanto instituição social”.
A professora explica que o tema dos projetos de dissertação dos orientandos de sua responsabilidade no Mestrado em Educação também trata desse tema. “Desse modo fica contemplada a necessária articulação na produção do conhecimento nesse curso”.
A estada em Portugal vai possibilitar também uma análise do Processo de Bolonha, que introduz a reforma universitária nos marcos da comunidade européia. “Em um país, onde está resolvida a questão do acesso a esse nível de ensino, a Reforma de Bolonha como alguns a tratam, vem ao encontro de objetivos como ampliação da equivalência, da mobilidade de estudantes e de estímulo à competitividade entre as universidades européias. Aplaudida por alguns europeus, criticada por outros, essa reforma vai definindo no âmbito dos estados nacionais a elaboração de leis necessárias à sua realização, e no caso de alguns países como Portugal, a redução dos recursos públicos para esse nível de ensino, em 2008”, informa Graça.
“Meu objetivo é fazer uma análise das universidades brasileiras em suas diferentes reformas, cotejando com a reforma de Bolonha na Europa, sugestão de estudo feita pela CAPES. E a re-significação da sua principal função na produção do conhecimento como uma instituição social. Precisamos saber para quem estamos produzindo conhecimento e se ele está refletindo na sociedade”, relata.
Universidade do Sul de Santa Catarina