O Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ) promoveu nessa segunda-feira, dia 12 de maio, a cerimônia de inauguração das instalações do “Centro de Computação de Alto Desempenho de Geofísica e Oceanografia” da UFRJ. Neste Centro, está instalado o cluster Netuno, um supercomputador que figura no topo da lista de máquinas mais potentes da América Latina voltadas para fins acadêmicos, que se enquadram na chamada Computação de Alto Desempenho ou High Performance Computing (HPC).
O evento, que contou com a participação de diversas autoridades da
área de ciência e tecnologia do Brasil, teve lugar no anfiteatro Maria
Irene de Mello, do NCE, localizado no Centro de Ciências Matemáticas e
da Natureza (CCMN) – Ilha da Cidade Universitária, no Fundão.
Dentre os presentes à solenidade: o professor Aloísio Teixeira, reitor
da UFRJ; Angela Rocha, decana do CCMN; Carlos Fraga, gerente executivo
do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes); Nália Martins,
representante da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP); Ageu Cavalcante, coordenador do NCE; Afonso
Paiva, representante da Rede Temática de Modelagem e Observação
Oceanográfica; e Milton Porsani, representante da Rede Temática de
Geofísica Aplicada.
Avanços
A instalação do equipamento na UFRJ representa um grande avanço
tecnológico nos campos da Geofísica e Oceanografia. O objetivo é
realizar, através dele, uma série de estudos voltados para a previsão
de fenômenos geofísicos e oceanográficos, trabalhando em conjunto com a
Marinha do Brasil (cujos representantes também compareceram à
cerimônia), com a Petrobras e com universidades e instituições
nacionais espalhadas por todo o país.
Graças aos recursos computacionais, será possível criar modelos 3D dos
locais de estudo, que permitem simular e prever situações. Isto requer,
entre outras exigências, uma máquina potente e dotada de bastante
memória.
Uma reserva de petróleo, por exemplo, encontra-se a 4 km de
profundidade em subsuperfície. Esta dimensão é estudada por
pesquisadores, que geram modelos matemáticos referentes à geografia do
local. Tais modelos, sob a forma de matrizes, poderão ser lançados e
processados no supercomputador, através do qual serão elaborados
ambientes virtuais capazes de auxiliar em uma previsão mais precisa de
onde se encontram, ou não, as reservas petrolíferas.
Apesar da fascinação causada pela super máquina, os presentes no evento
ressaltaram a importância dos recursos humanos, de pessoas
qualificadas, que permitem o sucesso e os avanços das pesquisas. “A
instalação de infra-estrutura de pessoal é tão importante quanto a
instalação do equipamento”, opinou Porsani.
Netuno
O coordenador do NCE brincou que o furto de equipamento facilitado pelo
advento da microeletrônica, através da qual as peças diminuíram de
tamanho, não será uma preocupação: o supercomputador, por sua vez, é
bastante grande e ocupa uma sala inteira do NCE, no campus do Fundão.
O Netuno consiste em um conjunto de computadores interligados em uma
rede de alta performance, chamada cluster. Cada um dos 256 servidores
DELL de alto desempenho que o compõem possui dois processadores do tipo
“quad-core” Intel de 2.6GHz, totalizando 2048 “cores”, 4 TBytes de RAM
e 40 TBytes de disco rígido.
O supercomputador instalado na UFRJ consta no ranking das 500 maiores
máquinas do mundo capazes de realizar processamento paralelo, devendo
ficar entre as 100 primeiras da lista. Dentre as vantagens desta
poderosa máquina, está a possibilidade de processar uma maior
quantidade de dados simultaneamente, elevando o desempenho e reduzindo
custos.
- Para se ter uma idéia, o Netuno é capaz de realizar, em um dia, uma
tarefa que um computador pessoal - como o que utilizamos em casa -
demoraria 10 anos para fazer. A potente máquina é três mil vezes mais
rápida que um computador comum, podendo realizar dezesseis trilhões de
operações matemáticas por segundo -, explicou Gabriel Pereira da Silva,
professor do departamento de Ciência da Computação da UFRJ e
coordenador do projeto Cluster.
A Petrobras investiu R$ 5 milhões para a realização deste projeto junto
à UFRJ, através da ANP e das Redes Temáticas de Geofísica Aplicada e de
Modelagem e Observação Oceanográfica. Além disso, a aquisição do
cluster também é fruto de uma outra parceria, que se deu entre o NCE e
o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em
Engenharia da universidade (Coppe).
O conceito de rede, muito presente em tudo que envolve o Netuno, foi
ressaltado durante a cerimônia de inauguração. “Houve um elevado grau
de integração e cooperação na realização deste projeto. O cluster é o
próprio símbolo disso: diversos processadores trabalhando juntos”,
afirmou Afonso Paiva.
Redes Temáticas
Atualmente, a ANP regulamenta os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento vindos da Petrobras. De acordo com o contrato de
concessão de exploração e produção de petróleo estabelecido entre as
duas instituições, ao menos 1% da receita bruta vinda dos maiores
campos de exploração e produção deve ser investido em pesquisas.
- Isso significa que R$ 300 milhões é o mínimo que tem que se investir
e reverter em pesquisas -, declarou Nália. Segundo ela, a cláusula da
ANP também estabelece que 50% deste valor deve ser destinado a
universidades e instituições nacionais.
A fim de organizar a aplicação desses recursos, a Petrobras criou as
chamadas Redes Temáticas, das quais fazem parte diversas instituições
de todo o Brasil, inclusive a UFRJ. No caso específico do Netuno, por
exemplo, aquelas que integram tanto a Rede de Geofísica Aplicada quanto
a Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica serão beneficiadas com o
supercomputador.
Um pesquisador da Universidade Federal da Bahia, por exemplo,
conseguirá acessar o cluster através de um site na Web, realizando
trabalhos nele à distância. “Não é preciso estar na UFRJ para usar o
computador, ele pode ser acessado de longe, de qualquer lugar do
Brasil”, acrescentou Paula Lúcia, professora do Instituto de
Geociências (IGEO/UFRJ) e responsável pela idéia de trazer uma máquina
como o Netuno para a universidade.
O gerente executivo do Cenpes adiantou que o Netuno é apenas um dos
seis supercomputadores que a Petrobras pretende instalar em todo o
Brasil. A idéia é que todas estas supermáquinas trabalhem também em
rede, comunicando-se umas com as outras.
O reitor da UFRJ encerrou a solenidade ao ressaltar a importância deste
evento para a universidade: “Esta cerimônia tem um significado muito
importante para nós por dois fatores. Primeiro, devido às relações
entre a UFRJ e a Petrobras, particularmente o Cenpes, onde a UFRJ é
historicamente beneficiada com recursos que contribuíram para avanços
de infra-estrutura, o que gerou ganhos para todo o país. E segundo,
porque esta primeira cerimônia da universidade em que se inaugura um
projeto fruto de parceria acontece no NCE”.
FERNANDA DE CARVALHO - AGÊNCIA UFRJ DE NOTÍCIAS - CENTRO DE TECNOLOGIA