Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
Lucas França chegou à University College London em 2016 para cursar doutorado em neurociência. Nos intervalos dos estudos, voltados a caracterizar e eventualmente detectar convulsões epilépticas a partir de sinais cerebrais, França atua em seu terceiro mandato como presidente da Associação de Brasileiros Estudantes de Pós-Graduação e Pesquisadores no Reino Unido (Abep-UK). Em 1991, Vania Braga cursou pós-doutorado no Imperial Cancer Research UK (atual Cancer Research UK). Hoje é professora do Imperial College, onde pesquisa sinalização celular em biologia do câncer.
Ela preside o Brazil Forum, que busca ser uma referência para estudantes e funcionários do Imperial College envolvidos ou interessados em questões brasileiras ou trabalhando em conjunto com instituições do Brasil.

Braga estuda a ação de venenos de cobra na sinalização celular do câncer em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde realizou sua formação no Brasil.

Depois de cursar doutorado na Unicamp, Wen Hwa Lee fez pós-doutorado nos Estados Unidos, mudou-se para a França e no momento dirige o Oxford Martin Programme on Affordable Medicines, da Universidade de Oxford, um programa para desenvolvimento de medicamentos acessíveis dentro do Structural Genomics Consortium (SGC).

Lee participa do SGC desde sua fundação em 2004. Atualmente, o consórcio tem unidades em quatro países, com o objetivo de desenvolver a pesquisa básica necessária para a descoberta de novos fármacos. Lee foi um dos responsáveis pelos contatos que estabeleceram a unidade brasileira do SGC na Unicamp em 2015. O SGC-Unicamp, também conhecido como Centro de Química Medicinal (CQMED), tem apoio da FAPESP.

França, Braga e Lee falaram sobre suas experiências de conexão com pesquisadores brasileiros no Brasil e no Reino Unido durante o Workshop Brazilian Diaspora of Science, Technology and Innovation in the UK, no dia 14 de fevereiro, em Londres.

“O objetivo foi trazer os brasileiros residentes no Reino Unido, também conhecidos como diáspora brasileira em ciência, tecnologia e inovação. São pessoas altamente qualificadas, que estão em universidades, institutos de pesquisa ou empresas e que acreditamos que possam contribuir para o desenvolvimento dessas áreas no Brasil”, disse Ana Maria Carneiro, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) da Unicamp e uma das organizadoras do evento.

Segundo Carneiro, a ideia é pensar em políticas públicas, ações na Embaixada brasileira ou outras esferas do governo para engajar a diáspora, reforçar as conexões existentes e criar novas.

O evento em Londres repete a experiência com os Estados Unidos, onde foi realizado workshop no ano passado com o mesmo tema (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/29725/).

A parceria com Embaixada do Brasil em Washington faz parte de um projeto de pesquisa comandado por Carneiro. “A ideia é fazer um estudo profundo sobre quem é a diáspora [em ciência, tecnologia e inovação] nos Estados Unidos, como ela se organiza, quais as iniciativas, qual a sua história, onde estão os brasileiros e, fundamentalmente, quais são as políticas que o governo brasileiro pode adotar para mobilizá-la de forma que as instituições no Brasil ganhem com isso”, disse a pesquisadora.

As experiências relatadas pelos brasileiros no Reino Unido reforçam que a antiga ideia de “fuga de cérebros” pode ser substituída pela de “circulação de cérebros”.

“Vimos aqui exemplos de brasileiros que fazem um doutorado num país, pós-doutorado em outro, depois conseguem uma posição de professor em uma instituição em um terceiro país e assim por diante. Isso na verdade é uma circulação de talentos. Beneficiar-se disso não é algo que acontece naturalmente, mas requer iniciativas dirigidas. Isso é feito pelas universidades, pelas agências de financiamento como a FAPESP e, em grande parte, por indivíduos, voluntários que servem de pontos nodais nessas redes”, disse Carneiro.

O estudo e o encontro buscam chegar a respostas do que pode ser feito para estruturar melhor essas redes e como fazer com que sejam sustentáveis, a ponto de eventualmente serem institucionalizadas.

Os participantes do evento afirmam que um ótimo ponto de partida seria obter informações precisas sobre quem são os brasileiros na diáspora. “Atualmente não existe uma estimativa confiável de quantos pesquisadores do Brasil estão no exterior”, disse Braga, do Brazil Forum.

França, da Abep-UK, disse que nem mesmo dentro de sua associação é possível precisar quantos estão no Reino Unido. “Atualmente temos 400 inscritos, mas não sabemos quem voltou para o Brasil, foi para outro país ou continua por aqui”, disse.

“Todos os programas para levar brasileiros para realizar pesquisa em outros países são excelentes oportunidades. Temos que aproveitar isso”, disse Lee.

Agência FAPESP