Em entrevista coletiva à imprensa, o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, anunciou ainda que a administração central da Universidade e a comissão de negociação formada para resolver o impasse estão abertas ao diálogo com os manifestantes. Mas, para preservar a instituição, evitar prejuízos à comunidade acadêmica e garantir o direito de trabalhar e de estudar de servidores e alunos, a Reitoria solicitou à Advocacia Geral da União a reintegração de posse dos prédios ocupados e um interdito proibitório de unidades essenciais para a realização do vestibular.
Candidatos já estão sendo informados - O edital que oficializa as mudanças já está publicado no portal do Núcleo de Concursos (www.nc.ufpr.br). Os 9,3 mil candidatos que farão as provas no sábado já estão sendo informados das mudanças por email e por SMS. As provas serão realizadas na sede da Pontifícia Universidade Católica do Paraná-PUC/PR e dos Colégios Paranaense e OPET. O ensalamento dos candidatos também foi antecipado e será divulgado já nesta terça-feira (dia 22/11).
Os candidatos ao Vestibular 2016-2017 que prestarão o concurso nos campi do Litoral, Palotina, Jandaia do Sul e Toledo também farão suas provas nos dias 26 e 27/11. Não haverá alteração para o candidatos ao curso de Música, que farão a Prova de Produção e Compreensão de Textos no domingo, juntamente com os demais, e realizarão sua Prova de Habilidade Específica na segunda-feira (dia 28/11) no prédio do Departamento de Artes da UFPR (Deartes), no bairro Batel, em Curitiba – única exceção no processo. Serão 12.951 candidatos em Curitiba e 14.542, no total. O custo da locação dos espaços será de R$ 30 mil, que será absorvido pelo Núcleo de Concursos com as inscrições ao vestibular.
Reitoria mantém canais de diálogo abertos - O reitor Zaki Akel Sobrinho disse que não quer o enfrentamento com os manifestantes, mas explicou que as medidas foram tomadas porque, mesmo com as diárias solicitações de diálogo feitas pela Reitoria e pela comissão tanto junto aos responsáveis pelas ocupações quanto junto aos representantes dos professores e servidores técnico-administrativos, os alunos se recusaram a retomar as negociações e a desocupar as unidades da UFPR. “Respeitamos o direito à livre manifestação do movimento, mas é preciso que se respeite também o direito que as pessoas têm de trabalhar e estudar”, avaliou. “Por isso, faço um apelo para que os alunos desocupem as unidades, evitando o enfrentamento”.
O reitor disse que está consciente de que as mudanças trarão algum desconforto aos candidatos, mas esclareceu que tomou as decisões que causariam o menor impacto possível. “Isto aconteceu porque nossa proposta de diálogo foi infrutífera. Ainda há espaço para que obtenhamos uma saída negociada para a desocupação pacífica das unidades mas, diante do que aconteceu na UTFPR (a Universidade Tecnológica do Paraná, ocupada na sexta-feira, em meio a enfrentamentos), tivemos que agir para proteger os interesses da UFPR e evitar prejuízos a milhares de pessoas que dependem das unidades ocupadas”, explicou.
A decisão de pedir a reintegração de posse dos prédios ocupados e o interdito proibitório das unidades recebeu a aprovação da grande maioria dos 14 diretores de Setor da UFPR, durante reunião na sexta-feira (dia 18), quando a Reitoria também tentou promover nova reunião com os manifestantes. O reitor comentou ainda que espera uma solução negociada para o impasse.
Novos locais de prova
O coordenador do Núcleo de Concursos, Mauro Belli, explicou que as mudanças de locais e datas foram feitas após avaliação dos riscos de ocupação dos espaços, evitando ao máximo possível prejuízos aos candidatos. “Levamos as provas para fora da UFPR nos locais onde percebemos que os riscos seriam elevados”, disse. Da coletiva participou ainda a pró-reitora de Graduação, Maria Amélia Sabbag Zainko.
Abaixo, a nota divulgada pela UFPR sobre o Vestibular 2016-2017 e as ocupações:
NOTA DA REITORIA DA UFPR SOBRE O VESTIBULAR 2016-2017
A Universidade Federal do Paraná quer comunicar a toda sociedade e principalmente em respeito às 15 mil famílias dos candidatos que prestarão a segunda fase do Vestibular 2016-2017 que vai garantir a segurança e a tranquilidade deste processo. Em virtude das recentes ocupações de prédios e após inúmeras e infrutíferas tentativas de abertura de diálogo entre a Comissão de Negociação da Reitoria com representantes do Comando de Paralisação dos Estudantes, restou apenas a alternativa de solicitar a reintegração de posse dos 9 prédios ocupados (oito em Curitiba e um no Setor Litoral, em Matinhos) e a solicitação de um interdito proibitório para os prédios da Reitoria, do Núcleo de Concursos e dos locais de prova para a segunda fase do Vestibular da UFPR. A Reitoria sempre acreditou que o diálogo e a negociação seriam a melhor alternativa para a solução de impasses, como ocorreu no momento da rápida desocupação do prédio histórico. Porém, estas bases democráticas necessitam de mútua compreensão e respeito institucional. A Comissão de Negociação da UFPR, composta por pró-reitores da administração central, foi à exaustão nas tentativas de uma solução não judicializada. A simples ausência dos representantes dos estudantes nas mesas de negociação mostra uma postura contrária ao espírito democrático, mesmo diante dos insistentes e diários apelos feitos pela Comissão de Negociação da UFPR junto a eles e pela imprensa, ao longo da semana, com os objetivos de evitar prejuízos aos candidatos e de garantir a segurança, transparência, idoneidade e eficiência que caracterizam os processos seletivos promovidos pelo Núcleo de Concursos da UFPR. Lamenta-se que, até a data de hoje, os representantes do movimento estudantil não tenham concordado com a proposta apresentada pela Reitoria, inclusive repercutida pelos veículos de imprensa, após entrevista coletiva (11/11), de que as ocupações fossem substituídas por seminários públicos e mobilizações sociais. No dia 17/11, a Reitoria se reuniu com representantes dos servidores técnico-administrativos (Sinditest) e reforçou a proposta de realização de seminários públicos sobre a Emenda Constitucional 55 (que define limites para os gastos públicos federais) e sobre a Medida Provisória 746 (da reforma do Ensino Médio), bem como uma reunião temática do Conselho Universitário, para debater os impactos destas medidas do Governo Federal.No dia 18/11, a Comissão de Negociação da Reitoria marcou mais uma mesa de negociação com os representantes do movimento estudantil para às 16 horas, no Gabinete do Reitor. Mais uma vez, nenhum estudante compareceu e nem ao menos o movimento enviou alguma mensagem formal. Eles simplesmente não compareceram à reunião.A Reitoria aguardou o fim do prazo estabelecido e anunciado (20/11) para que as negociações de alternativas para as ocupações fossem apresentadas em tempo hábil para não comprometer o processo da segunda fase do vestibular. Assim, na data de hoje, 21/11, foi encaminhado à Procuradoria Federal o pedido de reintegração de posse dos espaços ocupados na UFPR. Além disso, a Reitoria solicitou o pedido de interdito proibitório para garantir os espaços da UFPR para a segunda fase do Vestibular, bem como para o devido funcionamento de atividades administrativas, responsáveis pelos serviços de rotina da instituição. No dia de hoje, também, o Núcleo de Concursos fará a publicação do novo edital do processo seletivo, com a alteração necessária para garantir a efetiva realização do Vestibular 2016/2017. Destaca-se que, mesmo com a solicitação destes instrumentos jurídicos, necessários para garantir a segunda fase do Vestibular e a desocupação dos prédios da UFPR, em consequência dos atos do movimento estudantil até então, a Reitoria mantém ainda sua postura de acreditar no diálogo e está aberta a uma intermediação judicial que busque solucionar o impasse criado.
Reitoria da Universidade Federal do Paraná