Essa rede, composta por centros de pesquisas e universidades de Portugal, Espanha, França, Brasil e Argentina, também tem o intuito de desenvolver novos nanobiossensores e dispositivos baseados em nanomateriais que poderão analisar a presença de organismos geneticamente modificados (OGM’s) em alimentos e produtos biotecnológicos. Em determinadas quantidades, os OGM’s podem causar diversos danos à saúde, entre os quais, numerosos tipos de alergias e até poluição do meio ambiente.
Além do intercâmbio entre os profissionais que atuam nessa área, o projeto tem promovido workshops que contribuem para a difusão do conhecimento, principalmente dentro da comunidade científica. Durante o mês de janeiro, o Prof. Dr. Valtencir Zucolotto (IFSC-USP), coordenador do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do IFSC, recebeu a Profa. Dra. Beatriz Lópes-Ruiz, especialista na área farmacêutica e docente da Universidad Complutense de Madrid (Espanha). Atualmente, o docente trabalha com a pesquisadora Maria Cristina Freitas, do Instituto Superior de Engenharia do Porto – ISEP (Portugal), que tem realizado estudos sobre o controle de qualidade de alimentos no IFSC-USP.
A docente Beatriz Lópes-Ruiz, que se surpreendeu com a qualidade da infraestrutura do IFSC-USP, se mostra bastante esperançosa com o impacto que o projeto pode causar, já que há uma grande mobilidade da comunidade científica, com grupos trabalhando em várias vertentes dessa pesquisa e facilitando a colaboração entre cada instituição envolvida. A jovem pesquisadora Maria Cristina Freitas já finalizou o seu mestrado em Portugal e pretende iniciar seu doutorado no IFSC, em razão de sua estadia em nossos laboratórios - fator que reforça o conceito de intercâmbio proposto pela iniciativa.
O Prof. Valtencir Zucolotto sublinha que o Instituto de Física de São Carlos tem recebido alunos de Portugal, Espanha, Suíça, e de diversos outros países europeus e latino-americanos, envolvidos neste e em outros projetos. Além disso, ele conta que a Unidade já desenvolveu sistemas que detectam a quantidade de proteínas relacionadas aos Organismos Geneticamente Modificados. “O IFSC tem colaborado com esse projeto de maneira bastante importante, recebendo pesquisadores e desenvolvendo esse tipo de tecnologia, sendo que esse trabalho tem oferecido uma visibilidade internacional para o nosso Instituto, através de um tema que é bastante relevante em termos mundiais”, afirma.
Outra vertente bastante importante dessa rede é sua contribuição à saúde pública. Além das técnicas desenvolvidas no IFSC, outros grupos da rede já projetaram novos dispositivos que também detectam a quantidade de transgênicos nos alimentos. “Na União Européia existe uma legislação direcionada a alimentos biotecnológicos. Se um produto alimentício tem mais de 0,9% de transgênicos em sua composição, deve haver uma etiqueta alertando o consumidor”, explica a pesquisadora Maria Cristina. Nos Estados Unidos, esse processo é facultativo a partir de 0,5%, enquanto que no Brasil a quantidade é raramente identificada nas embalagens dos alimentos. Mesmo assim, Maria Cristina acredita que o alerta nas embalagens poderá vigorar em nosso país: “No Brasil, já tenho encontrado muitos pacotes de alimentos com o alerta de transgênicos”, diz.
O trabalho em questão deverá ser finalizado em outubro, mas Beatriz garante que há chances de renová-lo: “Espero que possamos solicitar outro projeto para continuarmos com essa proposta. Assim que terminarmos as apresentações dos workshops, estaremos em contato periodicamente com nossos parceiros, através de vídeo-transferência, para atualizarmos todo o trabalho conjunto”, conclui Beatriz.
Além do Instituto de Física de São Carlos, a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Parnaíba, também representa o Brasil na rede internacional.