A construção do prédio, que soma mais de 4 mil metros quadrados e sete andares, e a aquisição de equipamentos, recebeu investimentos de R$ 15 milhões das duas instituições. O local contará com mais de 80 pesquisadores das áreas de geologia, geografia, biologia, química, engenharia e física, entre outras especialidades.
Segundo o diretor do IPR, João Marcelo Ketzer, a proposta é desenvolver e reter no Brasil a tecnologia necessária para as pesquisas na área. “Uma parte importante de análises necessárias para a pesquisa no Pré-Sal é enviada para o exterior. O Brasil, como um País maduro tecnologicamente, precisa estar preparado para trabalhar com esse tema, que exige inovação e recursos laboratoriais e humanos compatíveis com as demandas de alta complexidade da indústria”. O IPR contará com equipamentos capazes de auxiliar a desvendar a origem das rochas e fluidos do Pré-Sal. “O processo de exploração, perfuração e produção é muito oneroso. Equipamentos como os que serão instalados nos laboratórios do IPR devem ajudar na diminuição desses custos e promover, inclusive, o desenvolvimento de outras áreas de pesquisa”, refere Ketzer. Para o Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, Jorge Audy, o IPR representa a consolidação da área de pesquisa em petróleo na PUCRS, com a crescente parceria com a Petrobras. “Ao longo dos últimos anos os projetos relacionados com a área de energia, neste caso com petróleo e recursos naturais, cresceram fortemente na PUCRS, fruto do esforço de pesquisadores de diversas áreas de conhecimento, visando contribuir com um dos maiores desafios da sociedade: a energia para sustentar o desenvolvimento do Brasil", avalia Audy.
Adriano Viana, geólogo e gerente de novas fronteiras exploratórias da Petrobras, explica que a escolha da PUCRS como instituição parceira na criação do IPR se deve a valores como a excelência técnica, comprometimento, agilidade e eficiência. “Os projetos científicos desenvolvidos nesta parceria de mais de cinco anos permitiram a constituição de grupos de pesquisa e implementação de infraestrutura tecnológica ímpares no País, com produção de resultados de alto impacto em diferentes áreas da indústria de óleo e gás, abrangendo setores que vão desde a exploração de recursos de energia não-convencionais até a análise do impacto ambiental de tais atividades”. A criação do IPR, segundo Viana, abre possibilidades de atração de grandes cérebros para atuar de forma mais ampla na cadeia, além da busca por mais interação internacional. “Na esfera nacional permitirá ao IPR alargar a possibilidade de geração de produtos de interesse para a Petrobras, que vão desde a formação qualificada de recursos humanos até a execução de atividades de elevada complexidade tecnológica”, finaliza.
Pesquisa de ponta
O IPR conta ainda com uma planta-piloto inédita no mundo, que reproduz as condições do oceano a 2 mil metros de profundidade, verificando como os hidratos de gás se estruturam no meio marinho - eles formam cristais semelhantes ao gelo - moléculas de água em uma estrutura sólida que aprisiona gás natural. A planta faz simulações sob alta pressão e baixa temperatura, por meio da injeção dos gases metano, etano, butano propano, amônia e CO2, além da água.
No Instituto também serão realizadas pesquisas com materiais biológicos, retirados do fundo do mar durante três missões oceânicas realizadas pela Universidade no Cone de Rio Grande, faixa oceânica localizada dentro da Bacia de Pelotas. “Coletamos material biológico muito interessante, ainda pouco conhecido, que estamos começando a estudar para ver que tipo de aplicação biotecnológica eles podem ter”. Hoje essas amostras estão guardadas em câmaras especiais a 80 graus negativos. “São diversas espécies de micro-organismos, mostrando que há uma grande diversidade de vida”, completa Ketzer.