Em reconhecimento ao crescimento da relação com Brasil, a Irlanda está reforçando sua presença em terras brasileiras. No último mês, a Education in Ireland, organização do governo irlandês para promover o ensino superior do país no exterior, nomeou uma representante para firmar parcerias entre universidades de ambas as nações. A nova porta-voz, Sarah O'Sullivan, está sediada no Rio de Janeiro e representa 34 institutos de ensino superior, incluindo sete universidades públicas, 14 institutos de tecnologia, faculdades NUI e faculdades privadas.
Terry MacParland, gerente do Education in Ireland, conta que a decisão de ter um escritório no Brasil foi tomada depois do grande sucesso do programa de bolsas Ciência Sem Fronteiras, que levou cerca de dois mil estudantes, de mais de 150 universidades brasileiras, para estudar em ambos institutos de ensino superior irlandeses.
"Nós estamos muito entusiasmados com o Ciência Sem Fronteiras", diz Terry. E continua: "O programa tem nos dado a oportunidade de apresentar o que nós temos a oferecer em termos educacionais. E a resposta tem sido incrível. Os estudantes têm amado a experiência de estudar na Irlanda e as universidades estão muito satisfeitas com o potencial dos alunos que receberam".
O Ciência Sem Fronteiras é uma iniciativa financiada pelo governo federal do Brasil que oferece a estudantes das áreas de Ciências e Tecnologia bolsas de estudos em outros países. As passagens aéreas, seguro de saúde, aluguel e matrícula estão inclusos. Além disso, existe a opção de estender a estadia após o fim do curso e fazer um estágio de até três meses. Interessados têm até o dia 29 de setembro para se inscrever. Para mais detalhes, clique aqui.
O chefe do Higher Education Authority (HEA), autoridade em financiamento para instituições de ensino superior na Irlanda, Gerry O'Sullivan (sem relações com Sarah), também dá a sua opinião. "O programa de bolsas tem transformado o vínculo educacional entre Brasil e Irlanda. Isso representa uma oportunidade extraordinária para o envolvimento entre os nossos países em áreas variadas", afirma.
Enquanto Education in Ireland reconhece os benefícios do Ciência Sem Fronteiras, o governo irlandês se dedica a criar mais oportunidades de relações duradouras entre as universidades. "O Brasil é imenso e por isso sentimos a necessidade de ter um representante in loco trabalhando conosco", afirma Terry. "Irlandeses e brasileiros tem muito em comum. Estamos muito otimistas que os laços só tendem a se fortalecer", prevê.
Ponte de intercâmbio: Sarah O'Sullivan já está em ação. A irlandesa nasceu em Galway, uma cidade universitária na costa oeste da ilha europeia, mas se mudou para o Rio de Janeiro em 2008 depois de se apaixonar pela Cidade Maravilhosa. Jornalista por formação, Sarah trabalhou como correspondente para editoria de educação do The Sunday Times, um dos principais jornais do mundo. Além disso, como representante da Universidade de Limerick no Brasil, já teve a oportunidade de auxiliar estudantes durante os preparativos para o intercâmbio na Irlanda. "Tem sido sempre um prazer encontrar os estudantes antes de eles deixarem o Brasil. Esse é um momento de muito nervosismo para quem está partindo para uma grande aventura como essa. É um novo capitulo que eles estão prestes a começar em suas vidas e que provoca mudanças em todos os sentidos", conta ela, que, assim como eles, já encarou os desafios de mudar de país. Por isso Sarah não esconde a satisfação de estar envolvida nesse projeto. "Estou tendo a chance de juntar o amor pela minha pátria, onde eu nasci, com o amor pelo meu novo país, o qual eu escolhi. Os estudantes de inglês já descobriram a Irlanda há algum tempo, já que a região é um dos principais destinos para estudar línguas Anglo-saxônicas. Mas eu quero ver mais estudantes brasileiros estudando por lá, não só na área de Ciências e Tecnologia", anseia.
A jornalista explica que existem muitas diferenças no sistema de educação irlandês e que devem ser aproveitadas pelos estudantes brasileiros. Ela cita o foco na prática como sendo uma das principais vantagens. "As universidades na Irlanda oferecem ao aluno a chance de desenvolver a habilidade de resolver problemas de situações da vida real. Nada se equivale a experiência prática quando se trata de entrar no mercado de trabalho", destaca.
Logo, a representante também recomenda a todos os estudantes selecionados para o programa de bolsas a ficarem para o período de estágio. "Eu sei que a saudade é imensa depois de nove ou dez meses longe de casa. Mas eu acredito que é um sacrifício que vale a pena a longo prazo. É uma chance única de se graduar em um instituto de ensino superior na Irlanda que está na lista das melhores universidades da Europa e ainda trabalhar na área. Isso vai mudar a direção da sua carreira para sempre", afirma.
Acostumada a lidar com as expectativas dos estudantes que estão prestes a embarcar, Sarah adianta que o que mais surpreende os brasileiros é o fato da polícia irlandesa não carregar armas. "Aqui no Brasil é difícil para as pessoas entenderem esse conceito, mas a Irlanda é um lugar muito diferente. Os índices de criminalidade são muito baixos. Alunos internacionais sempre comentam o quanto eles se sentem seguros no país". Vale citar que a Irlanda é o 6º país mais seguro do mundo, de acordo com o Global Peace Index. Mas é bom não vacilar. Estudantes devem sempre tomar precauções necessárias em qualquer lugar do mundo.
No intuito de compartilhar essa e outras impressões, Sarah criou um grupo no Facebook, "Brasil Alumni Irlanda", para que estudantes que estão retornando do seu intercâmbio possam contar mais sobre suas experiências e dar dicas para os que estão indo. Encontros de ex-alunos também devem acontecer em cidades de todo o Brasil e serão anunciados através da rede social.
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