
“A UnB tem uma estrutura excelente em pesquisas com plantas, mas eu gostaria de trabalhar com os vírus humanos, e Harvard dispõem de mais de 50 professores que pesquisam esses vírus. Foi isso que me chamou a atenção e me fez tentar o doutorado por lá”, conta.
Fernanda deve ficar de cinco a sete anos em Boston. Durante um ano e meio, ela passará por três laboratórios diferentes antes de escolher um para trabalhar. A viagem está marcada para setembro. Antes de embarcar, Fernanda vai concluir o bacharelado em março e a licenciatura em julho. E continua com seus projetos de pesquisa: o de defectivos interferentes (DIs), orientado pelo professor Renato Resende, e uma pesquisa in silico (por meio de simulação em computadores) de filogeografia com o Dr. Fernando Lucas de Melo, ambos do Instituto de Ciências Biológicas (IB).
“O que eu estou estudando é o modo de ação usado pelos DIs de vírus na planta para levar a atenuação de sintomas, como necrose, nas plantas”, explica Fernanda. “Quando um vírus infecta o hospedeiro, seja este uma planta ou um animal, ele tem que replicar o seu genoma para propagar-se. Algumas vezes, durante esse processo de replicação, acontecem erros, e as formas resultantes são chamados de genomas defectivos, que podem ser ‘interferentes’.
SELEÇÃO – Até o dia 1º de dezembro de 2012, Fernanda tinha uma lista extensa de tarefas a cumprir para participar do exame para o doutorado. Além das cartas de recomendação dos professores Fernando Lucas de Melo, Tatsuya Nagata e do seu orientador Renato Resende, ela tinha que justificar a escolha pela universidade num texto e passar em provas de proficiência em inglês (Toefl) e o Graduate Record Examinations (GRE) que testa o conhecimento matemático e de inglês.
Em dezembro, ela foi convidada para um final de semana em Harvard. Fernanda voltou ao Brasil no dia 28 de janeiro, depois de passar por seis entrevistas, cada um com cerca de 40 minutos, com professores do programa de Virologia da Harvard.
Um fator ajudou Fernanda: ela foi alfabetizada em inglês. Até os cinco anos, a aluna da UnB morou no Canadá, onde seus pais fizeram doutorado em Geologia. “Depois, vim para Brasília. Passei seis meses numa escola brasileira sem falar uma palavra de português e fui pra Escola Americana onde terminei o ensino médio, antes de vir para a UnB”, relembrou.
Na tradição do Laboratório de Virologia Vegetal, a cada vez que um novo paper é publicado, abre-se uma garrafa de champanhe, que é etiquetada com a referência do estudo. As garrafas ficam dispostas uma ao lado da outra em cima de um armário dentro do laboratório, como se fossem troféus. A conquista de Fernanda já foi comemorada na sexta-feira passada, logo após ela receber a ligação de um dos professores de Harvard, avisando que havia sido aceita. “A alegria foi muito grande. Comemorei primeiro com minha irmã e meus pais e depois com os colegas do laboratório”.
Fernanda receberá uma bolsa do programa de doutorado de Harvard durante o tempo que permanecer nos Estados Unidos. Periodicamente, um comitê composto por professores da universidade norte-americana avaliará o desempenho da aluna. “Quando eles considerarem que tanto a pesquisa quanto o pesquisador estão prontos, me darão a permissão para apresentar uma tese. Devo publicar uma tese e uma compilação de artigos que escreverei ao longo dos próximos anos”, afirma.
UnB Agência