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Em todo o Pará, existem cerca de 60 povos indígenas. Para possibilitar o acesso de indígenas ao ensino superior a Universidade Federal do Pará (UFPA) realiza o Processo Seletivo Especial para Povos Indígenas (PSE 2013-2) no próximo dia 13 de janeiro. Das 8h às 11h será realizada a prova de Língua Portuguesa (redação). As entrevistas individuais com os candidatos e a verificação de documentos como o histórico escolar do ensino médio e a declaração de pertencimento serão realizadas no mesmo dia, das 14h às 18h, e nos dias 14 e 15, das 8h às 12h e das 14h às 18h.
As fases do PSE 2013 ocorrem nos campi da UFPA em Belém, Altamira e Marabá. Esta política de ações afirmativas para estudantes de origem indígena já está presente nas quatro universidades públicas do Estado. Este é o quarto ano que a UFPA oferta duas vagas nos cursos de graduação para estudantes de origem indígena. O cartão de inscrição também já está disponível no site do Centro de Processos Seletivos da UFPA (Ceps).
    
Para Jane Beltrão, antropóloga e presidente da Comissão Permanente de Processos Seletivos (Coperps), o processo tem o objetivo de eliminar as barreiras de seleção para os indígenas. A avaliação busca visualizar o nível dos candidatos em termos de comunicação escrita por meio da prova de língua portuguesa e conhecer a trajetória e o interesse deles. A professora da UFPA ajudou a implantar este mesmo processo na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

“Este sistema corresponde à correção do acesso de povos indígenas ao ensino superior, direito conquistado depois de séculos de colonialismo. É obrigação constitucional produzir igualdade de acesso aos povos etnicamente diferenciados. A ‘indianização’ dos corredores da UFPA é imperiosa e espera-se que no futuro a presença seja mais massiva, contribuindo para a mudança de pensamento que desconsidera os conhecimentos tradicionais”, afirma a antropóloga. Segundo ela, isso requer tempo, mas é possível. Neste mês acontece a contratação do primeiro professor indígena pela UFPA, após concurso de títulos e provas.

Dificuldades – Segundo Jane Beltrão, a evasão por trabalho dos estudantes indígenas que ingressam na UFPA é superior a 40%, fato que compromete os esforços de implantação das vagas reservadas. “As condições para mudar esta realidade ainda estão sendo criadas, embora a Associação dos Povos Indígenas Estudantes da UFPA (APYEUFPA) insista e lute por bolsas e condições de permanência na Instituição. Há dificuldades e os estudantes precisam ser acompanhados diariamente. Para que além do ingresso, se cuide de permanência deles. Para isso, os professores e os técnicos precisam acolher e pensar em renovação pedagógica que abrigue os indígenas.”

Auxílios para estudantes indígenas – A UFPA oferece alguns incentivos para a permanência dos estudantes de origem indígena, como o Programa Auxílio Permanência Estudantil Especial, que visa atender demandas, como moradia, transporte, alimentação e aquisição de material didático. São 106 Auxílios Permanência (R$ 310,00) e 50 Auxílios Moradia (R$ 300,00), durante o período de 12 meses, direcionados para estudantes indígenas e pessoas com deficiência. Os alunos indígenas podem também solicitar à Instituição alimentação gratuita no Restaurante Universitário.

Na tentativa de melhorar as condições de permanência dos indígenas universitários na instituição, a APYEUFPA realizou no mês de outubro a primeira Caravana dos Estudantes Indígenas da UFPA. Durante vários dias, os alunos da instituição visitaram aldeias em Santa Maria do Pará, Santa Luzia do Pará, Tomé-Açu, Altamira e Marabá levando informações sobre os cursos, as regras, as oportunidades de bolsas, as políticas de ações afirmativas e também detalhes sobre o conteúdo de cada graduação e ainda sobre as oportunidades no mercado de trabalho. A partir deste ano, a caravana vai se integrar à programação anual da Feira do Vestibular da UFPA.

“Somos uma Instituição da Amazônia e é nela que se concentram os povos indígenas que escaparam da colonização e chegaram ao século XXI com muita luta. É tempo de mudar a acolhida, de ouvir a tradição, de dar atenção à oralidade e tantos outros procedimentos que facilitam a troca e o enriquecimento de todos”, completa a antropóloga.

Serviço:
Processo Seletivo Especial para Povos Indígenas (PSE 2013-2)
Data: 13 de janeiro, das 8h às 11h (Língua Portuguesa - redação); a entrega dos documentos será das 14h às 18h, e nos dias 14 e 15, das 8h às 12h e das 14h às 18h.
Para imprimir o cartão de inscrição, acesse: www.ceps.ufpa.br