O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Carlos Maneschy, explicou o projeto aos reitores na manhã desta quarta-feira, 12 de dezembro. Na parte da tarde, eles questionaram o secretário de Educação Superior do MEC, Amaro Lins, e a diretora de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Ensino Superior, Adriana Rigon Weska, sobre possíveis problemas do projeto.
Para o grupo, o projeto é impositivo e vai na contramão do crescimento ocorrido nas instituições federais de ensino superior do país, nos últimos quatro anos, impulsionado pelo Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni), do próprio MEC. Só na UnB, o número de alunos e professores praticamente dobrou no período e a estrutura física foi ampliada em um terço“Estamos em completo desacordo. É como se a educação não fosse um instrumento distinto para o desenvolvimento do país”, fundamentou Maneschy.
O reitor da UnB, Ivan Camargo, engenheiro especialista em eficiência energética, ressalta que não é possível pensar em reduzir gastos no momento em que a universidade inaugura vários prédios novos. "Os reitores receberam o projeto de forma crítica. Com a expansão que as universidades estão experimentando, não há condições de reduzir o custeio em 10%.
Ivan Camargo destaca, no entanto, a importância do projeto Esplanada Sustentável. “É claro que é preciso buscar alternativas para reduzir gastos, e estamos dispostos a isso. Há uma série de ações que podemos adotar, como, por exemplo, substituir lâmpadas que consomem muito por outras, mais modernas, que implicam em gasto menor. A demanda nas universidades, no entanto, é indiscutivelmente maior”, explica.
“Não há mágica possível”, avaliou Carlos Maneschy. Na universidade comandada por ele, a Federal do Pará (UFPA), o número de vagas ofertadas em 2012 foi de 5.673. Em 2013, houve acréscimo de 38,5%, com 7.860 vagas disponibilizadas. “Quando aumentamos o número de alunos e de edificações, precisamos aumentar contingente de servidores de limpeza, de vigilância e o consumo de energia e água também sobe. Esse é um exemplo simples”, argumentou.
O projeto do MPOG prevê redução de custos em dez áreas distintas: Apoio Administrativo, Técnico e Operacional; Serviços de Processamento de Dados; Manutenção de Bens e Imóveis; Serviços de Telecomunicações; Limpeza e Conservação; Material de Consumo; Diárias e Passagens; Energia Elétrica; Água e Esgoto; Vigilância. O Projeto Esplanada Sustentável tem como propósito incentivar órgãos e instituições públicas federais a adotarem modelo de gestão organizacional e de processos que promova a sustentabilidade ambiental e socioeconômica na administração pública federal. A ideia é eliminar o desperdício, incentivar a implementação de ações de eficiência energética nas edificações públicas e estimular o consumo racional dos recursos naturais e bens públicos.
Entre julho e dezembro de 2012, o MPOG implementou o Esplanada Sustentável, em caráter experimental, em prédios de órgãos localizados em Brasília. O projeto prevê uma economia de R$ 2 bilhões caso seja implantado em todos os órgãos executivos do país e todas as despesas administrativas. Como incentivo, até 50% do valor economizado será reinvestido para a melhoria da qualidade do gasto. Ao todo, 22 órgãos participaram do projeto-piloto.
Para Amaro Lins, ainda há espaço para negociações e para que as universidades não sejam incluídas no projeto ou possam justificar-se por não cumprir os objetivos.
UnB Agência