Técnicos do Cespe explicaram o tipo de treinamento recebido pelos avaliadores. “Montamos um grupo de 160 supervisores de todo o país, e cada um chefiou um grupo de 20 corretores, todos profissionais graduados em letras, boa parte professores universitários”, destacou Luiz Mario Couto, professor da UnB e coordenador de provas práticas do centro. Além de uniformizar os critérios de avaliação das redações, os responsáveis pela correção foram testados antes da contratação. “Aplicamos um teste com 50 modelos de redação cujas notas eram conhecidas e os que não tiveram resultado satisfatório sequer foram efetivados na função”, acrescentou.
A metodologia também foi legitimada em acordo assinado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério Público. Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre as partes, no ano passado, dispensou a obrigatoriedade de recurso para as redações, uma vez que elas passariam por mais de um corretor durante a avaliação do Cespe.
CONTROLE – Ricardo Carmona, diretor-geral do Cespe, garante que o método adotado pela equipe minimiza radicalmente a possibilidade de erro. “Toda correção é realizada por meio de um programa de computador. Cabe ao corretor apenas atribuir menções nos cinco critérios exigidos e o sistema calcula de forma automática a nota final”, explica. O consórcio formado por Cespe e Cesgranrio dividiu igualmente a aplicação das provas no país, mas a responsabilidade da correção das redações foi exclusiva do centro da UnB.
As redações, escritas nas folhas de respostas, eram distribuídas aos corretores nos chamados “envelopes eletrônicos”, versão completamente digitalizada dos textos. Um único avaliador recebia entre 100 e 200 provas por dia. “Cada pacote continha duas redações que já estavam corrigidas por uma banca de excelência do Cespe, mas os avaliadores não sabiam disso”, revela Carmona.
Se a nota calculada para esses textos não fosse uma aproximação do valor atribuído pela banca, o corretor era imediatamente descartado do processo e o conjunto de provas que ele tinha recebido passava por nova correção. “A avaliação que fizemos em relação ao desempenho dos nossos corretores, numa escala de 0 a 10, atinge média oito, o que denota um bom desempenho. Por isso, temos total confiança no sistema de correção das redações”, defende o diretor.
“Durante a correção, foram desligados cerca de 300 avaliadores, ou seja, 10% do total contratado, mas que não comprovaram eficiência no trabalho”, conclui Carmona. Diante dessas explicações, comenta: “A matéria que aponta erros de português em texto de esclarecimento do Cespe é engraçada, mas tomou-se uma resposta da burocracia como um teste de proficiência. Trabalhamos correndo contra o tempo, pois, em muitos casos, a Justiça nos deu três horas para responder. Logo, o importante era o conteúdo”.
REVISÃO – Outro mecanismo utilizado pelo Cespe para garantir a confiabilidade na correção das redações foi a redistribuição dos textos entre diferentes avaliadores. Procedimento repetido pelo menos uma vez para as quatro milhões de provas examinadas. Como a nota variava entre 0 e 1.000 pontos, se o valor atribuído por dois corretores para a mesma redação alcançasse uma diferença acima de 300 pontos, o texto era submetido a um terceiro avaliador, que fazia o julgamento final.
Dados do Cespe indicam que a tríplice correção foi aplicada em 379.784 casos. Nas redações em que não houve necessidade de uma terceira correção, a nota definitiva foi a média entre as duas menções. Luiz Mario Couto, com mais de 40 anos de experiência na universidade, rebateu a acusação de que o sistema cometeu falhas ao revisar a nota de alguns candidatos. “Há situações em que a redação é escrita em forma de pergunta e resposta, por exemplo, fugindo do padrão textual exigido. Nesses casos, alguns corretores podem interpretar de maneiras diferentes, e as notas ficarem discrepantes. Não quer dizer que houve erro de avaliação. É por isso que asseguramos a terceira correção, para eliminar distorções de interpretação”, argumenta.
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