
Mais uma vez a UFSC sai à frente, atende o Decreto 5626 e garante o acesso dos surdos à universidade”, avalia a professora Ronice Muller de Quadros, que já coordenou o Curso de Letras-Língua Brasileira de Sinais e tem entre suas linhas de pesquisa os temas Libras, educação de surdos, tradução e interpretação de língua de sinais.
Coordenadora da equipe de tradutores e intérpretes da UFSC e do Núcleo de Pesquisas em Aquisição de Línguas de Sinais, ela lembra que a prova especial atendeu não apenas aos inscritos nos cursos de Letras Libras Licenciatura (que forma professores para Libras) e Letras Libras Bacharelado (que forma tradutores). A tradução beneficiou inscritos com essa dificuldade que têm interesse em ingressar em diversos outros cursos.
“O português dos candidatos surdos se caracteriza como um português de segunda língua, como uma língua estrangeira, embora nacional. Isso torna o acesso desigual nos vestibulares. O oferecimento da prova em Libras, que caracteriza a primeira língua dos surdos brasileiros, é uma forma de tornar o processo mais igualitário para pessoas diferentes”, ressalta a professora que assessorou a Coperve na tradução e na aplicação do concurso em libras.
Pioneirismo
Responsável por oferecer em 2006, na modalidade a distância, a primeira licenciatura da América Latina em Letras com habilitação na Língua Brasileira de Sinais (Libras), a UFSC oferece também desde 2009 os cursos presenciais em Libras-licenciatura e Libras-bacharelado.
Os cursos buscam contribuir com a inclusão dos surdos na educação e atendem o Decreto 5626/2005, que regulamenta a Lei de Libras. Entre outras questões, o documento prevê a inclusão da Língua Brasileira de Sinais nos cursos de Pedagogia, Fonoaudiologia e nas Licenciaturas. Além da UFSC, atualmente, apenas a Universidade Federal de Goiás (UFG) tem curso neste campo na modalidade presencial e a Universidade Federal da Paraíba na modalidade a distancia.
Na Universidade Federal de Santa Catarina os cursos da área estão ligados ao Departamento de Artes e Libras. O aluno estuda a língua, a literatura e a cultura da comunidade surda do Brasil e de outros países. Na Licenciatura, realiza estágio obrigatório de prática de ensino, em escolas de rede pública e privada. No Bacharelado, faz estágios na prática de tradução e interpretação em diversos contextos, com ênfase particular no contexto educacional.
Mais informações: Coordenadoria do Curso de Letras-LIBRAS / www.libras.ufsc.br / Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. / (48) 3721-6586
Saiba Mais:
A população surda em Santa Catarina e no Brasil
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina tem 10.402 pessoas com deficiência auditiva, que não conseguem ouvir de modo algum. Sessenta e duas mil pessoas têm deficiência auditiva com grande dificuldade e outras 233.207 têm alguma dificuldade de ouvir.
No Brasil, 347.481 pessoas não conseguir ouvir de modo algum; 1,7 milhão têm grande dificuldade e outras 7,5 milhões de pessoas têm alguma dificuldade na audição.
Letras-Libras Licenciatura
O profissional formado em Licenciatura em Letras/Libras pode lecionar como professor de libras como primeira língua para surdos nos ensinos fundamental e médio, ou como professor de libras como segunda língua para ouvintes desde o nível fundamental até o nível superior. Estes docentes devem atender à demanda dos cursos de licenciatura de todo o país, que devem oferecer aulas de Libras como prevê o Decreto nº 5626. Além disso, o professor de Libras poderá também atuar em instituições especializadas no ensino da Libras, como federações e associações de surdos.
Letras-Libras Bacharelado
O profissional formado em Bacharelado em Letras Libras poderá atuar como intérprete em salas de aula, em reuniões e conferências, na tradução de textos técnicos e literários e na revisão e preparação de textos.