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Paschoal-SenisePaschoal Senise, professor emérito da Universidade de São Paulo, morreu no dia 21 de julho, aos 93 anos, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, na sequência de uma pneumonia. Foi diretor do Instituto de Química de 1970 a 1974 e de 1978 a 1982 e membro do Conselho Superior da FAPESP de 1969 a 1971. A missa de sétimo dia será nesta quarta-feira (27/07), às 19h, na Igreja Nossa Senhora Mãe do Salvador (Cruz Torta), Av. Prof. Frederico Hermann Jr. n° 105, Alto de Pinheiros, São Paulo.
Paschoal Ernesto Américo Senise nasceu em São Paulo, no dia 19 de agosto de 1917. Em 1935, foi admitido na primeira turma do Curso de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP). Licenciou-se em 1937. Obteve os títulos de doutor (1942), livre-docente (1956) e professor titular (1965) pela FFCL.

Na FFCL, Senise se concentrou na área de química analítica, propalando a visão de que a pesquisa deve se voltar para a elucidação de fenômenos básicos e gerar conhecimento amplo para que dele decorram, de maneira lógica e natural, as aplicações analíticas.

Contribuiu nas linhas de extração com solventes, com destaque para sais de fosfônio, estudos de estabilidade de complexos, especialmente os de pseudo-haletos, desenvolvimento de spot tests e métodos quantitativos de análise. Cuidou da introdução de linhas de pesquisa em análise microquímica e química eletroanalítica depois do pós-doutorado que realizou na Universidade de Louisiana, nos Estados Unidos (1950-1952).

“A FAPESP se associa às manifestações de pesar pelo falecimento do professor Paschoal Senise, que integrou o Conselho Superior da FAPESP e teve uma destacada atuação na consolidação da pós-graduação na USP. Professor Senise foi um pesquisador de grande qualidade na sua área e contribuiu dessa maneira para o avanço do conhecimento em nosso país”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP.

Senise foi vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (1965-1981), membro (1957-1971) e vice-presidente (1960-1963) do Conselho Federal de Química e participou de várias sociedades científicas nacionais e internacionais.

Foi membro do Conselho Universitário da USP (1968-1987), onde exerceu por 17 anos a Coordenação da Câmara de Pós-Graduação (equivalente à atual Pró-Reitoria), tendo sido um dos principais responsáveis pela implantação da pós-graduação na USP.

Em 1967, representou o Brasil na Missão de Viabilidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para a criação do Centro para a Aplicação da Ciência e da Tecnologia ao Desenvolvimento da América Latina.

Senise fez parte também do Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (1968-1980). Recebeu a comenda da Ordem do Rio Branco, outorgada pelo Ministério das Relações Exteriores, em 1976, e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República, em 1994.

Ganhou as medalhas Jubileu de Prata da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1973) e Simão Mathias da Sociedade Brasileira de Química (1997), além dos prêmios Heinrich Rheinboldt (1969), Moinho Santista/Bunge (1981) e Anísio Teixeira (1991). Era professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da USP desde 1997 e pesquisador emérito do CNPq (2004).

“Ele foi uma das pessoas mais importantes para a ciência de São Paulo e teve uma participação decisiva para que a pós-graduação da USP tivesse o nível que tem até hoje ao conseguir demonstrar que era um trabalho sério, que demorava um certo tempo e deveria ser voltado para formar mestres e doutores. Inicialmente, a atividade de pós-graduação não era compreendida por certos setores”, disse Walter Colli, professor titular da USP e membro do Quadro de Coordenações Adjuntas da FAPESP, à Agência FAPESP.

Editor do livro Paschoal Senise: uma carreira dedicada à educação, publicado pela Capes em 2001, Colli iniciou uma longa relação de amizade com Senise no início da década de 1970, quando se tornou professor do Instituto de Química da USP e o amigo iniciava sua primeira gestão à frente da instituição.

Também diretor do IQ em dois períodos (1986-1990 e 1994-1998), Colli lembra que Senise era muito benquisto e considerado um professor excepcional por seus alunos.

“Ele conseguia dar uma aula em que os alunos participavam o tempo todo por meio da elaboração de perguntas e respostas e fazia questão de dizer que tinha um método absolutamente racional de tirar conclusões juntamente com os estudantes”, afirmou.

Um dos pesquisadores que teve a oportunidade de assistir a aulas de Senise foi Ivano Gebhardt Rolf Gutz, também professor do IQ da USP.

Gutz participou de algumas aulas de Senise, auxiliando-o a trocar as projeções, e assitiu a alguns dos “Seminários Gerais em Química Analítica”, que Senise realizava semanalmente no IQ após se aposentar e que eram frequentados por boa parte dos docentes e pelos pós-graduandos do instituto.

“Nesses seminários se discutia os trabalhos de pesquisa em andamento. Ele era uma pessoa extremamente culta, educada e estava sempre disponível para falar sobre qualquer assunto quando solicitado”, relembrou.

Agência FAPESP