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Notícias do Campus
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O matemático João Luiz Martins é o novo presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Aos 51 anos, o reitor da Universidade Federal de Ouro Preto assume a missão de liderar as negociações sobre questões fundamentais para a área de ciência e tecnologia do país, como a autonomia universitária e o aumento do orçamento das universidades. "Avançamos muito nas conversas com o Poder Executivo, agora precisamos ampliar nosso diálogo com o Poder Legislativo", afirma.
Doutor em Matemática Aplicada pela Universidade de Campinas, o catarinense João Luiz atuou no último ano como vice-presidente da Andifes. Na eleição desta quinta-feira, venceu o reitor da Universidade Federal Fluminense, Roberto Salles, por 30 votos a 21. Em entrevista à UnB Agência, ele analisa os principais desafios que terá que enfrentar, em um momento de restrição orçamentária e consolidação da expansão do ensino superior. Para ele, a Andifes deve manter sua linha independente em relação ao governo federal, mas numa postura de parceria na construção de políticas públicas que aumentem a inclusão de jovens no ensino superior. Leia abaixo a entrevista.

UnB Agência: O senhor assume a Andifes em um momento delicado, no início do governo Dilma Roussef e frente a um cenário de restrição orçamentária. Quais são os principais desafios a serem enfrentados?
João Luiz: Na Andifes, os reitores estão reunidos para discutir e pautar os planos de futuro do ensino superior. É com esse entrosamento interno que queremos criar novas políticas públicas que atendam às demandas que temos no sistema universitário. Nosso primeiro desafio é consolidar o Reuni, que ainda tem ações previstas para 2011 e 2012. Também vamos lutar para aprovar o projeto de lei para criação de 16 mil vagas de professores nas universidades, das quais 10 mil são do banco de professor equivalente. Muitas dessas vagas são fundamentais para os cursos de educação a distância, que estão crescendo no país.

UnB Agência: As universidades federais precisam de mais dinheiro para alcançar suas metas?
João Luiz: Precisamos primeiro estabilizar os recursos que já existem no sistema, para depois projetarmos a expansão qualificada. O Reuni veio para financiar a entrada de novos alunos no sistema, mas temos que atender também aos alunos antigos. Ainda existem muitas pendências de infraestrutura nos cursos que já existiam. Mesmo as unidades acadêmicas que não aderiram ao Reuni precisam de apoio. É necessária uma política de Estado que leve em conta o financiamento de toda a universidade, não só da expansão. Atravessamos um momento mais difícil no que se refere ao orçamento, mas acreditamos que podemos manter um relacionamento de ótimo nível com o governo federal para solucionar essas questões, inclusive já pedimos à Casa Civil uma audiência dos reitores com a presidente Dilma Rousseff, que já demonstrou interesse em manter a política de expansão. 

UnB Agência: As universidades cresceram em tamanho, mas ainda há muitos gargalos, principalmente na área de gestão. Como o senhor pretende resolver isso?
João Luiz: Nossa agenda leva em conta itens como autonomia, expansão com qualidade, internacionalização e aproximação com a educação básica. Nos últimos anos avançamos muito nas conversas com o Poder Executivo, agora precisamos ampliar nosso diálogo com o Poder Legislativo. Na questão da autonomia, queremos um novo marco legal que nos permita ter maior flexibilidade em situações que digam respeitos ao cumprimento de nossas atividades e ao relacionamento com outros setores da sociedade, como as empresas. Queremos garantir normas de incentivo à produção de ciência e tecnologia e que professores com dedicação exclusiva possam atuar em parceria com o setor privado sem que isso seja visto como uma violação à lei. Além disso, a autonomia financeira deve permitir que possamos reprogramar nosso orçamento de modo a garantir a aplicação de recursos de um ano para outro. Também vamos tentar rever a questão de nossas procuradorias jurídicas, que não são independentes, mas subordinadas à Advocacia-Geral da União. Todas essas mudanças devem ser aprovadas no Congresso Nacional.

UnB Agência: Qual a sua posição em relação à greve nacional dos servidores técnico-administrativos das universidades federais, iniciada neste mês?
João Luiz: A pauta é justa e consideramos que uma melhor qualificação e situação salarial dos servidores são muito importantes para o sucesso das instituições. Ontem mesmo conversamos com o ministro Fernando Haddad para que ele atue para retomar as negociações do governo com a categoria. O que não pode haver é falta de negociação.

UnB Agência: E a empresa pública dos hospitais universitários? A Andifes já tem uma posição sobre a MP 520, ou mesmo uma solução alternativa para resolver o problema de pessoal nas unidades?
João Luiz: Vamos rediscutir a MP 520 na reunião da Andifes desta sexta-feira. Vamos ver como será o encaminhamento de uma nova versão da MP ao Congresso, já que da primeira vez ela foi rejeitada. Os reitores ainda estao divididos em relação a esse assunto, não temos consenso. Por enquanto, não vejo que outra alternativa temos para resolver o problema de pessoal.

UnB Agência