De acordo com a antropóloga e coordenadora do processo na UFPA, professora Jane Beltrão, os dados de 2011 estão compatíveis com os do ano passado, quando o número de inscrições foi de 516, homologações, 194, e 67 aprovações. “Dentre os motivos pelos quais nem todos os que demandam as vagas chegam até a reta final da seleção estão a dificuldade para providenciar a documentação de comprovação do pertencimento a etnias indígenas e de conclusão do ensino médio, e, o fato de que o ensino médio na educação escolar indígena do Pará é o pior em termos de qualidade no ranking nacional”, explica a professora Jane.
Além disso, muitas escolas entraram em greve durante o ano letivo e, para muitos estudantes, o ano escolar de 2010 ainda nem terminou, de modo que, muitos candidatos, não conseguiram o histórico do ensino médio, que era um dos documentos necessários para a aprovação. A exigência era a de que os candidatos tinham que tirar no mínimo a nota 4 na redação. Mas, segundo aponta Jane, a fase decisiva da seleção é a da entrevista, uma vez que a força da cultura indígena está na tradição oral. “Neste momento, analisamos a documentação e conversamos com os candidatos sobre quais benefícios a formação deles nos cursos escolhidos pode levar para as aldeias”, afirma a coordenadora. Na fase da entrevista, os concorrentes também prestam informações que indicam situações de vulnerabilidade social. “Aqueles que mais precisam em termos de dificuldade de acesso ao ensino superior, se tornam candidatos preferenciais”, complementa Jane Beltrão.
A UFPA disponibiliza duas vagas em cada curso para a concorrência somente entre os indígenas. Acontece que, nem todos os cursos são demandados, e ainda, muitos candidatos que demandam não estão aptos a serem classificados. A maior concorrência entre os indígenas está registrada em cursos na área de Saúde, Direito, Educação, Ciências da Terra e Ambiental. Segundo Jane Beltrão, as áreas estão associadas aos principais problemas enfrentados nas comunidades indígenas. “Em vista disso, uma expectativa para processos futuros é verificar a possibilidade de aumentar a oferta de vagas nos cursos de maior demanda”.
Outras estratégias previstas são as de buscar apoio junto à Pró-Reitoria de Extensão para conferir assistência estudantil que garanta a permanência do indígena na Universidade, além de apoio para a adequação pedagógica dos docentes a fim de que estejam melhor preparados a acolher os indígenas que ingressam na Instituição por meio de seleção diferenciada.
Os cursos em que houve aprovações são Agronomia (1), Ciências Biológicas (1), Engenharia Florestal (2) e Pedagogia (2) em Altamira; Ciências Sociais (1), Direito (2), Engenharia de Minas (2), Geografia (1), Letras (2) e Pedagogia (2) em Marabá; Administração (1), Biomedicina (1), Ciências Biológicas (1), Direito (1), Educação Física (1), Enfermagem (2), Engenharia Civil (2), Engenharia Sanitária (1), Fisioterapia (1), Medicina (2), Odontologia (1) e Pedagogia (1) em Belém. Também está disponível no site do Ceps a relação de indígenas aprovados na Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA.
Para acessar a relação completa, clique aqui (http://www.ceps.ufpa.br/ daves/Processo_Seletivo_ Indigenas%202011/ Classificados/classificados_ 2011_Indigena.html).
Assessoria de Comunicação da UFPA