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O Timor Leste luta para consolidar a sua independência. Em 1999, o povo timorense optou por deixar de ser uma província em um referendo da Organização das Nações Unidas. Umberto Umbézio, professor do Instituto de Biologia, conheceu de perto a realidade do país entre 2009 e 2010. Durante esse período, o professor trabalhou para formar docentes em Língua Portuguesa para o ensino de ciências e matemática. A língua oficial do país é o português, mas depois de 20 anos dominado pela Indonésia, tornou-se uma verdadeira torre de babel. “Em uma mesma rua você encontra placas em tétum, mambai, português e até em inglês”, afirma o professor. “Quando os indonésios ocuparam o Timor, eles impediram a educação em Língua Portuguesa”, conta. 
Portanto, o português é a língua falada pelos mais velhos. “Tínhamos alunos de 50, 70 anos. Essas eram as turmas mais vantajosas, onde o português era mais conhecido”, disse o professor. Umberto conta que a idade dos docentes de lá chamou sua atenção. “Não há regime de aposentadoria. Então, eles seguem trabalhando por muitos anos”, disse.

As atividades aconteciam na Universidade Nacional de Timor Lorosae e no Instituto Nacional de Formação Profissional e Contínua. A desordem linguística se estendia nas salas de aula. “Muitos professores escrevem no quadro em português e na hora de ensinar usam o tétum ou outras línguas locais”, conta Umberto.

A língua não era a única barreira para o ensino. O país está na 120º posição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – atrás de países como Gabão e África do Sul. “Havia poucos professores com nível superior. Muitos com ensino médio e alguns sem formação nenhuma”, disse o Umberto. “Nas salas de aula não havia lugar para escrever. Não tínhamos livros, internet ou biblioteca”, ressaltou o professor.

As dificuldades eram compensadas com criatividade. Uma das atividades era a Língua Portuguesa na Praça, que reunia adolescentes que queriam aprender a língua. A ideia surgiu de uma professora brasileira. “Era bem informal mesmo. Um dia um grupo perguntou se ela podia ensinar a língua e ela topou”. Umberto conta que era comum receber abordagens de pessoas nas ruas querendo falar português.Outro projeto dos brasileiros em Timor é a Rádio Brasil. A embaixada brasileira comprou três horas da programação da rádio acadêmica para difundir a MPB. “Como tínhamos brasileiros de todas as partes, era uma briga para emplacar as músicas. O nordestino queria forró e o carioca, samba”, conta Umberto. “O maior sucesso por lá era, sem dúvida, a música sertaneja”.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mantém, alternadamente, 50 professores brasileiros no Timor, divididos em quatro projetos: Procapes, Pós-graduação, Profepi e Elpi. Uma das propostas é a produção de livros didáticos em língua portuguesa.

UnB Agência