De acordo com o professor, as atividades são voltadas principalmente para estudantes a partir do quinto ano do ensino fundamental – porque apesar de eles estudarem conceitos de geofísica, como tectônica de placas e divisão da terra em crosta, manto e núcleo, não sabem como eles foram obtidos. “Como é que a gente sabe qual a constituição da terra, que tipo de rocha, qual a densidade, qual a pressão, qual a temperatura? Tudo isso sai da geofísica” afirma o professor.
O roteiro da visita, que dura em média uma hora e meia, tenta fornecer algumas noções básicas da ciência por meio de uma palestra acompanhada por slides e filmes didáticos. Fenômenos recentes e de grandes proporções também são comentados, a exemplo do tsunami ocorrido na Indonésia ao final de 2004, sobre o qual Bassini fez um filme de nove minutos: “lá eu posso dar uma aula de geofísica, porque eu vou mostrar cenas do terremoto que aconteceu, as consequências, os danos, o que você pode fazer a respeito”, diz.
Durante a explicação, ainda se tenta trazer para os alunos a dimensão de fenômenos geofísicos, a partir da comparação com outros elementos palpáveis. Bassini conta que, para exemplificar o que seria a magnitude de um terremoto, ele costuma fazer uma comparação com a usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo: “a energia liberada por um terremoto de escala nove é mais ou menos a mesma que Itaipu produziria trabalhando quatro anos e meio”.
Desmitificação
Para o professor, a aula do Espaço Geofísica é importante para desmitificar algumas noções errôneas que os alunos carregam consigo, como a de que no Brasil não existem terremotos. “Eu faço uma pesquisa e, ainda hoje, 98% dos alunos respondem 'não' quando eu pergunto se há sismos no Brasil”. Como forma de corrigir isso, o docente costuma mostrar um grande mapa do Brasil, no qual há pequenos círculos indicando os locais em que acontecem tremores, e chamar a atenção para quatro ou cinco casos em particular, como o de João Câmara, cidade do Rio Grande Norte em que foram registrados 12 mil tremores em apenas quatro meses durante o ano de 1986. “ preciso saber que há uma atividade física importante [no Brasil]”, diz.
Além disso, as perspectivas do geofísico no mercado de trabalho, pouco conhecidas, também são reveladas na apresentação. Com o apoio dos slides e de pôsteres temáticos, são explicadas as formas de atuação em vários nichos específicos da geofísica, como geoelétrica, geotermia e prospecção de petróleo. “Geoelétrica, por exemplo, como funciona? Pode ser aplicada na contaminação dos lençóis freáticos. Pode-se, por métodos elétricos, determinar como é a contaminação, ou seja, qual a sua superfície e profundidade”, explica Bassini.
Ciência móvel
Por meio do projeto Ciência Móvel, do Parque Cientec, o Espaço Geofísica também consegue chegar a outras cidades do estado e até mesmo do Brasil. Este ano, já foram atendidas escolas em cidades como Lorena, Franco da Rocha, São Vicente e Caxambú (MG), entre outras.
Nas visitas, uma grande parte dos equipamentos encontrados no Espaço também é levada para ser exposta aos alunos. “Eu levo sismógrafo, sensor, GPS - todos os equipamentos pequenos que eu possa levar numa caixa. E os pôsteres temáticos também”, diz Bassini. Segundo ele, as atividades e seus objetivos permanecem os mesmos. Mas a grande diferença está no tempo e no número de alunos atendidos: as aulas duram apenas entre 40 e 50 minutos e, num dia inteiro, mais de mil estudantes chegam a ser atendidos.
Serviço
As visitas ao Parque Cientec ocorrem de terças a sexta-feiras e devem ser agendadas previamente pelo telefone (11) 5077-6312. O endereço é Av. Miguel Stéfano, 4200, Água Funda, São Paulo. Mais informações podem ser encontradas na página do Parque: www.parquecientec.usp.br.
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