A pesquisa tem como objetivo os seguintes pontos: a) verificar a visão do empresário do Alto Tietê sobre a realização de retiradas do caixa para fins particulares como um comportamento ético; b) investigar o ponto de vista dos empresários acerca da realidade empresarial no país; c) verificar aspectos peculiares ao estilo brasileiro de administrar; d) levantar os possíveis impactos de uma gestão financeira inadequada no caixa da empresa.
Embora a pesquisa aborde apenas empresários da região, o referencial teórico do estudo usa de conceitos que valem para a cultura brasileira como um todo, como por exemplo, o "jeitinho", o particularismo e a centralização de poder.
A importância do projeto
O planejamento da pesquisa exigiu seis meses de trabalho da aluna, e resultou no Projeto de Iniciação Científica (PIBIC) que ela desenvolveu ao longo de 2010. O esforço científico de Lóris, lhe rendeu participação no XIII Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Mogi das Cruzes, no XIII Seminários em Administração (SemeAd) sendo os dois últimos, eventos técnico-científicos de abrangência nacional, reconhecidos pela CAPES / MEC e realizados pela FEA-USP e pela Fundação Dom Bosco (Rezende-RJ), respectivamente.
"Do SeGeT só participaram doutorandos de universidades públicas. Eu era a única graduanda de uma universidade particular", enfatiza Lóris. Segundo Mott, para onde ela mandar, o trabalho será aceito. "No SemeAd da USP, o trabalho dela foi um dos 600 escolhidos dentre os 1600 inscritos", orgulha-se.
Este orgulho é resultado de um planejamento que começa na coordenação do curso de Administração. "Tem sido nossa estratégia incentivar, através do PIC (Projeto Interdisciplinar Consolidado) e do PIBIC projetos e propostas de pesquisa. E vemos os resultados, seja em trabalhos como este, ou no aumento do número de professores orientadores, que dobrou, e no de pesquisas, que quase dobrou (eram 6 ano passado e são 10 este ano)", explica Carlos Franco, coordenador do curso de administração.
As dificuldades enfrentadas e as conclusões
O projeto de Lóris previa a aplicação de um questionário com 16 perguntas (abertas e fechadas) sobre a postura financeira dos empresários. "Fiz um levantamento com 30 pequenas e médias empresas de Suzano e Mogi, mas somente 20 delas aceitaram participar", diz.
Segundo Ricardo Trovão, professor de Administração da UMC, e co-orientador do estudo, o tema escolhido é uma das áreas mais sensíveis da administração de uma empresa, o que talvez explique a recusa de algumas a participar: "É uma parte difícil, muito técnica e aborda um aspecto que é o sangue da empresa: o fluxo de caixa. Sem fluxo de caixa a empresa não existe", explica.
Depois de enfrentar diversas dificuldades e cerca de 18 meses de trabalho, Lóris chegou à seguinte conclusão: "Ao longo da pesquisa, verificou-se um posicionamento ético bastante oscilante entre os sujeitos analisados. Apesar de admitirem como uma ação administrativamente errada e acreditarem não ser ético a retirada aleatória de recursos financeiros do fluxo de caixa para fins particulares, a maioria dos participantes utiliza-se de tal procedimento. Ainda que reconheçam suas responsabilidades enquanto empresários, tal atitude nos remete a traços da cultura brasileira, como a contradição, o particularismo e a centralização do poder".
O estudo chegou ao fim, mas isso não significa que o tema esteja esgotado. "Os resultados e a conclusão dessa pesquisa não podem ser generalizados. Ela é apenas um estudo exploratório e sinaliza um comportamento que precisamos olhar com mais atenção em um trabalho mais aprofundado", explica Mott.
Assessoria de Imprensa
Universidade de Mogi das Cruzes