De acordo com Rainer, a principal forma de funcionamento do laboratório é através das aulas que ele próprio ministra. O professor conta que a disciplina optativa que oferece sobre o tema, chamada “Técnicas Gemológicas”, é composta por duas turmas, com uma média de 25 pessoas em cada. Os alunos são divididos entre estudantes de geologia e alunos especiais, que são externos à Universidade, o que, para Rainer, faz parte de sua filosofia de expansão do conhecimento.
Pesquisa
Além de uma disciplina sobre o assunto, o Laboratório realiza ainda diversos estudos relacionados à área. Rainer explica que o Laboratório já possui projetos de pesquisa sobre quartzo, turmalina, alexandrita, entre outras pedras. Um exemplo disso é uma pesquisa que está sendo desenvolvida por Tatiana Cavallaro, aluna da pós-graduação.
Ela conta que está fazendo testes em diamantes com um espectrofotômetro, aparelho que analisa a interação luz-matéria, para descobrir a relação entre a absorção de luz e a mudança de cor nas pedras. Segundo ela, as pedras incorporam características do ambiente e esse estudo pretende “diferenciar os defeitos que causam cor nos diamantes”. Para Tatiana, sua pesquisa tem como objetivo construir um banco de espectro, de dados, que sirva de consulta dentro e fora da comunidade acadêmica. Além disso, afirma que pretende facilitar a identificação do que é natural e sintético, “para manter uma ética dentro do comércio”.
Ao mesmo tempo, Rainer afirma que está fazendo um levantamento dos tipos de ágata no Rio Grande do Sul. Segundo o professor, entretanto, a principal função do Laboratório tem sido diferenciar as gemas naturais das gemas sintéticas, produzidas artificialmente, além de fazer análises na pedra como a sua cor, seu tamanho e sua limpeza (número de inclusões).
Estrutura
Para realizar todos esses estudos, o Laboratório conta com variados equipamentos. Entre os mais curiosos, estão o microscópio gemológico, que é diferente dos comuns, pois analisa as inclusões dentro da pedra; o refratômetro, que mede o índice de refração de cada mineral e, assim, serve para identificá-los; e o índice de cor, que diferencia as pedras pela sua coloração, particular a cada tipo.
De acordo com Rainer, porém, “a pesquisa não é só concentrada aqui no Instituto”. Além da infraestrura de outros laboratórios do IGc, como o Laboratório das Químicas e o Laboratório de Microssonda eletrônica, os pesquisadores utilizam ainda equipamentos do Instituto de Física (IF) e do Instituto de Química (IQ) da USP.
O material usado no Laboratório chega através de garimpeiros, ou, em muitos casos, o próprio Rainer compra pedras novas. Em relação às pessoas que visitam a unidade, o professor explica que “a maior parte quer ter uma opinião sobre pedras”.
Existe muito interesse dos alunos sobre o tema. Mas, ao contrário, não há tanto destaque para o assunto no Brasil como um todo. “A maioria dos pesquisadores na área de gemologia são de fora”, afirma o professor, que é um exemplo dessa situação, pois não é brasileiro, e sim, alemão. Segundo ele, deveria haver maior discussão sobre essa questão aqui no Brasil, principalmente devido à grande quantidade de material geológico que o nosso país possui.
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