O debate promovido pela Cátedra Jean Monet de Estudos da União Europeia da Universidade de Brasília contou também com a presença do chefe da divisão de ciência e tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, Ademar Seabra, o diretor-executivo adjunto da Rede de Informação Tecnológica Latino-americana (Ritla), Zuhair Warwar, e do coordenador do Bureau Brasileiro para Ampliação da Cooperação Internacional com a União Européia, Paulo Egler. O seminário foi organizado pela professora Julie Schmied, do Instituto de Relações Internacionais.
Hoje, o Brasil participa com 1,6 % no total de investimentos do mundo em pesquisa e tecnologia – acima de México e Argentina. Porém, existem problemas que precisam ser enfrentados com urgência. “A inovação nas empresas já acontece, mas cresce muito lentamente”, disse Angel. Dados do IBGE apontam que o percentual de empresa que inovam aumentou apenas 6,6% entre 2000 e 2008.
PATENTES – Angel acredita que “o problema é que os que sabem fazer as coisas não estão patenteando produtos”. A preocupação dele reflete-se nos números: desde a década de 80, a participação mundial do Brasil na publicação de artigos científicos aumentou de 0,4% para 1,8%. Em contrapartida, a produção de patentes quase não se alterou no período, permanecendo em menos de 1%.
“O desafio este na conexão entre o conhecimento produzido nas universidades e o setor produtivo”, defendeu Seabra. “Mas não devemos lamentar, a história da inovação no país é recente”. Ele destacou que o país deve aproveitar o bom momento econômico para ampliar os investimentos e esforços em inovação.
“Já temos bons exemplos reconhecidos internacionalmente, como o da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). O problema é que a inovação no Brasil ainda é definida por casos isolados, e não por um sistema contituído”. O especialista concorda que as parceria com a UE é um caminho importante a ser tomado. “Apesar da crise, a Europa ainda é lider em inovação e tem fundamentos econômicos sólidos”.
Outros especialistas convidados concordam com a visão de Angel. “Só agora o Brasil começou a acordar para o assunto”, afirmou Paulo Egler, que também é professor no Centro de Estudos Avançados de Governo e Administração Pública (CEAG) da UnB.
Egler aponta a criação do Programa de Subvenção Econômica, em 2006, como um passo importante rumo à inovação. O programa prevê o repasse de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para empresas que invistam em projetos de inovação. Ele explicou, porém, que a agência americana Small Business Innovation Research (SBIR) já faz o mesmo há vinte anos. “Estamos atrasados”, alerta.
“A SBIR financia a fundo perdido, ou seja, sem necessidade de retorno, projetos de inovação das empresas americanas”. Segundo ele, uma das razões para a demora do Brasil em adotar a estratégia é cultural. “Há pouco tempo era inimaginável o Estado financiar projetos no setor privado dessa forma. Aqui no Brasil nós não fazemos esse tipo de avaliação, seria essencial para garantir a qualidade dos projetos”.
UnB Agência