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ProfessorA troca de saberes entre as diferentes áreas de conhecimento sempre foi apontada como um dos maiores desafios dos pesquisadores em todo no mundo. Dados apresentados pelo coordenador da área interdisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Arlindo Philippi, mostram que essa realidade está mudando no Brasil. Somente neste ano foram criados 120 novos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras que envolvem mais de uma área. O número equivale a mais da metade dos 205 cursos que existiam em 2009.
A informação foi apresentada durante o encontro "Práticas Interdisciplinares e Desenvolvimento Sustentável", que reuniu especialistas europeus na Universidade de Brasília, nesta segunda-feira, 22 de novembro. Eles discutiram a importância da interdisciplinaridade na pesquisa de temas complexos, em especial os relacionados ao desenvolvimento sustentável.

O coordenador da Capes e professor da Universidade de São Paulo (USP) atribui o crescimento do número de cursos interdisciplinares ao reconhecimento da importância dessa perspectiva pelos pesquisadores. "Há um maior reconhecimento da comunidade científica brasileira para a relevância da concepção interdisciplinar para a produção do conhecimento”, comentou Arlindo. O professor acredita que a interdisciplinaridade está sendo percebida pelas universidades de ponta do país.

O professor Elimar Nascimento, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB (CDS), defende que o momento é propício para o crescimento das pesquisas baseadas nessa concepção. “A interdisciplinaridade permite construir conhecimentos que uma disciplina sozinha não daria conta de produzir”, disse.

CAMINHOS – No encontro foram apresentados possíveis caminhos para concretização de projetos de pesquisa interdisciplinares. O professor do CDS e senador Cristovam Buarque defendeu a criação de temas orientadores nas pesquisas para concretizar a cooperação entre áreas de conhecimento. “Se você eleger um tema de pesquisa – pobreza ou aquecimento global, por exemplo – é impossível não haver esse trabalho conjunto”, afirmou.

Magda Zanoni, professora da Universidade Paris Diderot, falou da experiência do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento (GRIMAD), pareceria entre duas universidades brasileiras e três francesas. O projeto envolve cinco grandes áreas do conhecimento: ciências agrárias, biológicas, sociais e humanas, sociais aplicadas, e da saúde. Todas unidas para estudar a região sul do estado do Rio Grande Sul sob pontos de vistas diversificados. “Trata-se de uma região que sofre com a decadência econômica”, afirmou a professora.

O projeto começou no ano 2000 e ainda está em andamento. “Em um primeiro momento, cada disciplina analisou a região sob sua própria ótica, para depois reunir tudo em uma visão global”, explicou. A equipe produz, então, indicadores para serem usados por todos os grupos. “A partir daí são feitas pesquisas dentro das próprias disciplinas, mas com uma visão mais abrangente do problema”. Segundo a previsão do projeto, a última etapa é estabelecer os pontos de contato comuns entre as áreas.

UnB Agência