Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
No balanço do primeiro ano de gestão, o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior definiu 2010 como o “ano de refundação da universidade”. Ao completar dois anos de mandato, a gestão dele comemora com 20 novos cursos de graduação no Campus Darcy Ribeiro. Na pós-graduação, a marca chega a sete novos cursos e na Universidade Aberta do Brasil foram criados dois. A decana de Ensino de Graduação, Márcia Abrahão, explica que o maior desafio da "refundação" é manter a qualidade do ensino e criar cursos que são de interesse da sociedade.
Quando assumiu o Decanato de Ensino de Graduação, em 2008, encontrou uma estrutura insatisfatória para atingir as metas do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. O Reuni prevê o aumento de pelo menos 20% das vagas oferecidas e a diminuição da evasão, com a expectativa de que pelo menos 90% dos estudantes universitários concluam a graduação. “Quando eu entrei no decanato, havia três professores para assessorar o decano. Hoje são 10”, conta. Uma coordenação voltada para a licenciatura e outra para analisar os projetos pedagógicos dos cursos também foram criadas pela professora.

“A expansão só será bem sucedida se for acompanhada da reestruturação acadêmica adequada”, diz Márcia. Em 2008, nenhum curso estava cadastrado no Ministério da Educação . “É como se estivéssemos emitindo diplomas irregulares”, explica. Hoje, 85 dos 93 cursos de graduação são reconhecidos pelo MEC. Os outros oito estão em processo de validação.

Outra proposta criada pela professora foi a avaliação docente feita pelos estudantes. “Estamos pedindo para os cursos discutirem as avaliações dos discentes”, explica. “A gente só melhora se tem um parâmetro de avaliação”. Esse é um dos fatores que reduz a evasão que hoje é medida pelas vagas da transferência facultativa. “Antes, cada colegiado decidia quantas vagas ofertava para a transferência. Hoje, a ocupação é feita de acordo com as vagas ociosas”.

EDITAIS - Na atual gestão, foram lançados dois editais: um de apoio à participação dos estudantes em eventos nacionais e internacionais e outro de apoio à compra de livros. A próxima meta do DEG é refazer o Projeto Político-Pedagógico Institucional (PPPI) da universidade, que deve ficar pronto em 2011. “Há comissões divididas em temas para detalhar o perfil do egresso da UnB”, explica.

Um dos novos cursos do Campus Darcy Ribeiro é o de Museologia, que abriu a primeira turma no segundo semestre de 2009. Anna Paula da Silva, coordenadora de Comunicação do centro acadêmico do curso, faz parte desta turma. A estudante reclama de problemas de organização e conta que o curso já passou por três coordenações em apenas três semestres. “O curso não tem nem regimento interno”, diz. “Antes de iniciar o curso, todos os departamentos envolvidos deveriam ter construído o projeto pedagógico”. A Museologia é fruto de um consórcio entre Ciência da Informação, Antropologia, História e Artes Visuais. “Com o Reuni, ficou tudo muito acelerado”, reclama. “Não deu tempo para que os departamentos fizessem reuniões e pudessem fazer uma construção conjunta, coletiva”.

PÓS-GRADUAÇÃO – Nos últimos dois anos, o Decanato de Pós-graduação e Pesquisa (DPP) implantou sete cursos entre mestrado e doutorado. “A expansão da pós-graduação precisa acompanhar a própria expansão do Reuni”, afirma a decana Denise Bomtempo. Atualmente, a universidade conta com 2.213 matrículas no doutorado e 3.389 no mestrado. O número de vagas nas duas modalidades de pós-graduação cresceu 23% desde 2008. Apesar do aumento acima da meta de 5% prevista pela administração, a decana acredita que o crescimento da pós-graduação tem sido prejudicado por falta de recursos.

O Programa de Apoio a Pós-Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior (PAPG-Ifes), equivalente do Reuni para a pós-graduação, ainda não saiu do papel. “Sem os recursos previstos nesse plano, o crescimento fica prejudicado”, afirma. “É preciso aumentar o número de cursos e de mestres e doutores, mas ainda falta investimento em ciência e tecnologia e inovação”.

Vinte e quatro novos cursos já foram aprovados pela Câmara de Pesquisa e Pós-graduação (CPP) e aguardam análise da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre eles, o doutorado em Agronegócios e o mestrado em Saúde Coletiva.

João Henrique de Souza é doutorando em Física. Ingressou em 2007 e deve concluir o curso daqui a um mês. Ele acompanhou a transição da gestão passada para a atual e afirma que o aumento no número de professores é perceptível. “Entrou muita gente boa. Está havendo uma renovação e estruturação no quadro de pesquisadores”, diz. Apesar do crescimento do quadro, João Henrique reclama da falta de investimento nos laboratórios de pesquisa da pós-graduação. “A maioria das linhas de pesquisa fica a mercê das agências de fomento”, reclama. “O apoio da administração acaba ficando no suporte a viagens para congressos, impressão de trabalhos e publicação de artigos”, diz. Em relação a esse tipo de auxílio, o estudante nunca teve problemas. “Fui indicado para um prêmio em junho de 2009 nos EUA e a universidade deu uma ajuda de custo para auxiliar nas despesas”, conta. Ele elogiou, ainda, a transparência nos editais propostos pela universidade. “O processo está mais transparente e divulgado”, diz.

DISTÂNCIA - O programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) é uma política institucional de ofertar a graduação na modalidade a distância. “É como se a universidade tivesse abrindo suas fronteiras para atender estudantes que estão em locais onde não teriam acesso a uma universidade”, explica a diretora da UAB, Wilsa Ramos. A UAB começou em 2006 com um curso piloto. No ano seguinte, abriu o primeiro vestibular, para seis cursos de licenciatura. Em 2009, foram criados os cursos de licenciatura em Biologia e Geografia. Em 2010, criou-se o primeiro bacharelado, com o curso de Administração Pública. São, ao todo, nove cursos de graduação e cinco de especialização.

No próximo vestibular, que ocorrerá em dezembro, a UAB abrirá 1.105 vagas. “É uma oportunidade de estudo e de inserção no mercado”, explica Wilsa. “A universidade passa a entrar em contato com uma realidade que é muito diferente do campus presencial. Os professores se deparam com demandas, perfis culturais e sociais diferentes e têm de aprender a lidar com novas tecnologias”.

UnB Agência