Durante quatro anos, ele investigou as características do financiamento da seguridade social brasileira do ponto de vista da avaliação dos recursos, da magnitude dos gastos e da natureza das fontes de financiamento. E concluiu que o Estado brasileiro não faz redistribuição de renda, não reduz a desigualdade social e não universaliza direitos. O país não conseguiu criar um fundo público único que integrasse previdência, assistência social e saúde, como previsto na Constituição de 1988.
Segundo Evilásio, a estruturação do fundo público no Brasil não reduz a desigualdade social porque se baseia no financiamento regressivo de suas receitas, com predomínio dos tributos indiretos. “Quem sustenta o sistema são os trabalhadores assalariados e os mais pobres”, comenta.
Na saúde, a ligação entre o FNS e o setor privado ameaça a universalização do serviço. “Grande parte dos recursos são transferidos para hospitais privados, que oferecem a maior quantidade de leitos do SUS”, explica Evilásio. Para ele, essa mistura entre público e privado propicia um atendimento excludente e divide os cidadãos em duas categorias: os com e os sem plano de saúde. Além disso, o professor aponta que os gastos públicos com saúde no Brasil são insuficientes para estabelecer um sistema de saúde público, universal, integral e gratuito.
Para realizar a pesquisa, o professor analisou a história da seguridade social no Brasil e delimitou o período a ser analisado: de 2000 a 2007, pois permite uma comparação entre o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso e o primeiro período do Governo Lula. Os dados estudados foram retirados da legislação relacionada às políticas de saúde, previdência e assistência social, do orçamento da União e da base de dados Siga Brasil, desenvolvido pelo Senado Federal, sobre planos e orçamentos públicos.
O professor se diz contente com a distinção. “Fiz uma análise crítica da realidade brasileira e considero o prêmio como um incentivo”, afirma Evilásio Salvador. Ailta Barros de Souza, diretora do Departamento de Serviço Social da UnB, não se surpreendeu com a premiação. “Conhecemos o potencial do professor Evilásio. É uma honra tê-lo como aluno e professor”. Para ela, a premiação também é a consagração de um esforço do Departamento de Serviço Social. “É a prova de que estamos formando excelentes alunos”, completa.
UnB Agência