A estudante já havia recebido este ano o segundo lugar do prêmio de visibilidade à pesquisa da universidade pela tese que desenvolve: Problemas de formações literárias no(s) ATLÂNTICO(s) SUL: o caso africano.
Segundo a pesquisadora, o termo "Atlânticos Sul" pretende contribuir para a discussão sobre o projeto colonial português e seus desdobramentos em termos de gênero, raça e sistema econômico-social. "Tomamos como referência o espaço híbrido e transcultural do mar cruzado em rotas que ligaram África, Europa e América e de trocas culturais protagonizadas pelos colonizadores e pelos 'subalternos'", explica
Rede no exterior
A doutoranda conta que estudar no exterior é uma experiência enriquecedora para analisar a literatura brasileira, porque fornece subsídios para reavaliar posições que se tornam mais claras vistas com certa distância. "No meu caso, era de interesse estudar em um doutorado que englobasse toda a cultura ibérica e suas literaturas. Além disso, a Universidade de Bolonha é uma universidade de excelência, de alto nível científico e cultural, é reconhecida como a primeira universidade do mundo ocidental", afirma.
Ao realizar seus estudos no exterior, Marcela passou a ter contato com toda uma rede internacional de produção de conhecimento. Ela explica que as literaturas de expressão portuguesa ganham enfoque especial na universidade devido às atividades da cátedra regida pela docente Margarida Calafate Ribeiro da Universidade de Coimbra. A cátedra ainda elabora projetos de investigação no âmbito do 7 FP (Seventh Framework Programme for research and technological development) da União Européia, da FCT, do Ministero della Università italiana, com uma intensa rede de contatos e intercâmbios com o Brasil, Inglaterra, Portugal e a África de Língua Portuguesa.
Apoio brasileiro
Sobre o apoio do governo brasileiro, a doutoranda considera o auxílio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como "fundamental" para a realização do trabalho. "Sem o apoio financeiro não teria tido condições de seguir com meus estudos. Atualmente, os recursos orçamentários de amparo à pesquisa europeus passam por uma grave crise financeira, assim fazer parte de um programa sólido que contribui de forma significativa na minha formação é um motivo de orgulho, principalmente por saber que no nosso país os investimentos governamentais nessa área tem crescido de forma significativa", afirma Marcela, que também foi bolsista da Capes durante o mestrado.
Ela acredita que é possível trazer um pouco da pesquisa ao Brasil após completar os estudos. "O governo brasileiro determinou a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e o ensino da cultura e história de Portugal nas escolas de nosso país. Assim, espero sinceramente poder contribuir com meu projeto na reflexão sobre esses temas", concluiu. Em 2009, a Capes havia proposto como uma das áreas prioritárias para bolsas no exterior os estudos sobre literaturas africanas, literatura comparada e pós-colonial, o que reflete a necessidade na formação de profissionais qualificados nessas áreas.
Saiba mais sobre o programa de doutorado pleno no exterior.
Assessoria de Comunicação Social