“Em Mara Rosa, o terremoto é considerado de atenção máxima”, avisa. No DF, o terremoto pode ter causado desabamento em construções precárias e rachaduras em alguns prédios. “Esse foi o maior terremoto sentido no DF”, afirma George. “Se o epicentro fosse aqui, teria causado muitos danos”.
O professor conta que quem está em prédios altos sente os tremores com mais intensidade. “Os edifícios possuem uma frequência de oscilação. Quando há um tremor de terra, eles entram em ressonância com o próprio terremoto”, explica. “Quem estava a pé ou dentro de algum veículo provavelmente não sentiu nada”, completa.
Os especialistas não descartam a hipótese de réplicas. “Houve um tremor seguido de outro. Há chances de acontecer novamente”, alertou a professora do observatório sismológico Mônica Vonhuelsen. “Mas é pouco provável que seja mais forte”, acrescenta.
O engenheiro agrônomo Carlos Oliveira, 62 anos, professor da Faculdade de Agronomia e Veterinária (FAV), estava em seu escritório quando sentiu o tremor. Ele disse não ter se assustado por achar que o abalo vinha de uma obra que acontecia ao lado da faculdade. “Senti duas vezes a vibração, mas só fiquei preocupado na segunda vez. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer em Brasília”, disse.
O estudante de química, Ricardo Oliveira Monteiro Lopes, 25 anos, dá aulas em uma escola de ensino médio no Setor Sudoeste. Ele tinha terminado de liberar seus alunos quando sentiu o balanço. “Foi leve, parecia o vibra-call de um telefone celular”, disse. Lopes não comentou com ninguém por medo de não acreditarem nele. A informação só foi confirmada com uma amiga ao chegar na UnB, onde estuda no Instituto de Química.
ORIGEM DO TREMOR - A atividade sísmica é frequente em Mara Rosa. Os abalos são causados por falhas subterrâneas no solo. “A região faz parte de uma faixa sísmica”, explica Mônica Vonhuelsen. “Há registros de tremores desde 1995 no local”. No último dia 4 de setembro, foi registrado um tremor de 3,6 pontos na mesma região.
Moradores de Mara Rosa ouvidos pela UnB Agência contaram que os moradores estão apavorados. Muitos correram para a rua para saber o que estava acontecendo. Josenita Francisca Marques, 44 anos, estava cortando um peixe em cima do tanque quando sentiu a bancada tremer. “Desequilibrei e deixei o peixe cair”, relata. Com medo e sem entender o que estava acontecendo, foi à casa de vizinhos. Descobriu que tinham passado pela mesma experiência. Um deles teve a parede da sala rachada.
A comerciante Deise de Araújo, 49 anos, estava em sua loja de produtos veterinários quando o terremoto aconteceu. “Senti a estrutura do prédio bambear, os produtos caíram das prateleiras. Fiquei apavorada, fechei tudo e corri para casa para ver se minha família estava bem”, contou.
Arlete Faria de Araújo, outra moradora de Mara Rosa, confirma a ocorrência dos tremores na última segunda-feira. “Da outra vez foi mais fraco. Hoje foram dois seguidos e fortes”, conta. Arlete trabalha no Fórum da cidade, localizado no Centro. “Tudo tremeu. As pessoas ficaram em pânico e saíram correndo”, disse. Arlete que trabalha como secretária na promotoria de Mara Rosa conta que o juiz mandou fechar o Fórum, devido a rachaduras que podem comprometer a estrutura do prédio.
UnB Agência
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OBSIS: Observatório Sismológico, Universidade de Brasilia