Pedro Paulo A. Funari (*) - Um dos primeiros atos do professor Fernando Ferreira Costa, após sua posse como reitor da Unicamp (17/4/2009), foi a constituição de dois grupos de estudos que deveriam ser os embriões de um organismo dedicado aos Estudos Avançados, acerca de dois temas da mais alta relevância: Ensino Superior e Esporte. Essa aspiração da Universidade já datava da gestão do professor Carlos Henrique de Brito Cruz (2002-2005) e o professor Fernando Ferreira Costa considerou de interesse estratégico para a Universidade, para seu reconhecimento internacional (world class), o desenvolvimento de uma instituição que pudesse propor a discussão e a pesquisa sobre temas fundamentais, de modo a produzir avanços nas ciências e humanidades.

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Como resultado, o Centro de Estudos Avançados da Unicamp - CEAv foi criado em março de 2010, tendo organizado, nos meses seguintes, diversas atividades, como seminários e cursos, com a participação de estudiosos brasileiros e estrangeiros, reportados no site do CEAv.

Como parte do processo de consolidação do Centro, visitei o pioneiro Institute for Advanced Study, em Princeton, nos Estados Unidos, em setembro de 2010. O IAS foi fundado no início da década de 1930, graças a um fundo (endowment), em torno de duas grandes áreas, matemática e humanidades, com a participação de nomes como Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer, Erwin Panofski e George Kennan. O diretor Peter Goddard mostrou satisfação com a criação do CEAv e apresentou as características únicas do IAS, com seu corpo estável de 44 estudiosos dedicados à pesquisa desinteressada (faculty) e dezenas de membros (doutores que passam um ano em atuação com os estudiosos). Pude trocar idéias com diversos estudiosos e dirigentes, como Joan Scott, Didier Fassin, Caroline Bynum e o nobel Eric Maskin, todos eles referências de primeira grandeza, cujas observações serão preciosas para o CEAv.

As particularidades do IAS, em Princeton, são únicas no mundo, tanto por seu financiamento generoso por um fundo, quanto pelas condições excepcionais de pesquisa desinteressada, sem ligação com o ensino de graduação ou de pós, complementada pela atuação dos mais notáveis jovens doutores de todo o mundo. O CEAv da é um órgão universitário e está inserido em outra situação e, por isso mesmo, já atua na UBIAS (University-Based Institute for Advanced Studies), como um dos quatro únicos do hemisfério sul. Ainda assim, a experiência de pesquisa desinteressada de Princeton mostra o imenso potencial criativo dos Estudos Avançados e indica caminhos e perspectivas. No próximo dia 15 de outubro, na sala do Conselho Universitário da Unicamp - Consu, ocorrerá o Simpósio “Desafios de um Instituto de Estudos Avançados na Universidade Brasileira”, com a participação de professores convidados da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas (mais informações no site www.gr.unicamp.br/ceav).

(*) Pedro Paulo A. Funari é coordenador do CEAv e professor titular de Departamento de História, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp