O professor Seabra foi o primeiro de uma série de convidados que virão à UnB ajudar a traçar um plano de internacionalização. O encontro na manhã desta terça-feira, 5 de outubro, contou com a presença de decanos, chefes de faculdades e diretores de institutos e responsáveis pelos setores administrativos da UnB.
O reitor da Universidade de Coimbra defendeu o intercâmbio com estudantes e pesquisadores de diferentes países como fundamental para o fortalecimento e aumento da qualidade de ensino e pesquisa das instituições de ensino superior da América Latina. “A internacionalização surge com a constatação de que em países pequenos ou em desenvolvimento, é preciso trocar experiências, comparar, para nos mantermos na crista da onda”, disse. “A universidade hoje no mundo é instrumento fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Portanto, não conseguiremos fazer bem o nosso trabalho fora deste contexto global”.
Na UnB, o número de estudantes de graduação que vão estudar no exterior não chega a 1% do total. No primeiro semestre de 2010, aproximadamente 80 alunos foram selecionados para participar de programas de intercâmbio em universidades estrangeiras com as quais a UnB mantém convênio, sendo que 25 deles estão em Portugal. Ainda que seja pouco, é o maior índice alcançado em seis anos.
O reitor português destacou que há dois tipos de intercâmbio tanto na graduação quanto na pós-graduação que prevalecem nas universidades européias, entre elas a de Coimbra. Em um deles, o estudante cursa determinadas disciplinas em uma universidade estrangeira e os créditos são aproveitados na instituição de origem quando o aluno retorna. Na outra modalidade, o aluno divide o curso entre duas universidades e recebe os dois diplomas.
ENVOLVIMENTO – O professor Seabra enumerou três fatores como indispensáveis para garantir a internacionalização de uma universidade. O primeiro deles é o grau de envolvimento dos mais altos dirigentes da universidade com a política de mobilidade de estudantes e professores. Esse envolvimento tem conseqüência direta na reserva de recursos financeiros para promover o incremento dessas relações, outro fator listado por ele. “A universidade tem de estar disposta a investir, elencar esta entre as prioridades, e cobrar do Estado”, afirmou, elogiando a qualidade das universidades federais brasileiras.
O terceiro fator foi definido como “abertura de espírito”. “Temos de ter a capacidade de abrir mão do controle se determinada disciplina que um aluno daqui vai cursar em outra universidade não tem exatamente as mesmas características de uma disciplina que ele cursaria aqui. Aí é que entra nossa capacidade de selecionar com quais universidades faremos parcerias”, explicou.
A decana de graduação da UnB, Márcia Abrahão, destacou as dificuldades que a UnB enfrenta para garantir o aproveitamento de créditos nas disciplinas cursadas por alunos no exterior. “Os colegiados de graduação têm autonomia. Então, há entendimentos diferentes sobre como aproveitar os créditos”, lembrou. Fernando Seabra destacou a necessidade de que as decisões venham das instâncias superiores. “Todos os diretores precisam estar convencidos da importância da internacionalização”, disse.
Raquel Nunes, decana de Assuntos Comunitários, lembrou que muitas vezes as bolsas obtidas pelos estudantes para estudar fora não atendem todas as necessidades, entre as quais moradia, alimentação e transporte. “Precisamos estar atentos para as parcerias sejam muito bem estabelecidas”, lembrou.
UnB Agência