“É o caso das mulheres, de índios e negros”. Para ela, as perspectivas abertas por esses estudos dialogam com o que os movimentos sociais já estão adotando em sua militância.
Para a professora, essas questões se colocam quando se fala dos movimentos pelas cotas raciais. “Elas partem da consciência de que a abolição da escravatura não significou que a cultura negra tenha sido incorporada pela sociedade”, explica. Para ela as cotas acabam entrando como uma medida reparadora de uma dívida histórica. Mas não sem resistências. “Na UFSC, por exemplo, havia estudantes que defendiam cotas sociais no lugar das raciais”, explica a professora, que participou da comissão para implantação do sistema de cotas daquela universidade.
A professora relembrou também a atuação do movimento neozapatista da década de 90, no México. O movimento reuniu índigenas e camponeses na luta pelo reconhecimento da cultura e valorização dos seus direitos. “Foi um dos primeiros movimentos difundidos através da internet. Por isso alcançou o mundo todo”, conta Ilse. Ela lembra dos dizeres “somos todos neozapatistas” pichados em muros europeus na época. “O movimento conquistou estudantes do mundo todo”.
A professora destacou que o movimento levantou questões importantes para os estudos pós-coloniais. “Os povos colonizados nunca tiveram a oportunidade de contar plenamente a sua história. O movimento neozapatista foi um caso em que essa tentativa conquistou o mundo”.
Outro exemplo foi a Carta de Aliança de Parentesco entre Mulheres Índias e Negras. O documento foi distribuído durante a 1ª Conferência Nacional das Mulheres, realizada em 2004 em Brasília. Essas mulheres reconheceram um parentesco entre si pela forma de opressão que recebiam da sociedade. “O protesto foi muito bem recebido pelas mulheres brancas”, lembra a professora.
UnB Agência