Situado no extremo sul do globo e com 98% de sua área coberta por gelo, a Antártica é uma das regiões mais sensíveis ao aquecimento global. Dados do Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC) revelam que o aumento acelerado da temperatura no planeta pode levar ao derretimento de até 22% das geleiras até 2050. O impacto alarmado por cientistas implica em alterações na regulação do clima e no ciclo de nutrientes no ambiente polar. “É uma catástrofe climática que tem a Antártica como centro das atenções”, pontua Viola.
Chefe da divisão do Mar, Antártica e Espaço do Ministério das Relações Exteriores, Fábio Vaz Pitaluga destaca como a ciência protege o continente cobiçado por suas riquezas minerais e biológicas espalhadas por cerca de 14 milhões de km². “Já no Tratado Antártico, firmado em 1959, o princípio norteador do acordo era a liberdade de pesquisa científica”, observa. Hoje, o acordo internacional para exploração do Pólo Sul conta com 28 membros consultivos, entre eles o Brasil. “É um tratado consolidado, que não sofre ameaças. A Antártica está livre do territorialismo”, conta.
O artigo quatro do documento é o que freia as reivindicações de países como Argentina, Chile, Nova Zelândia e Noruega por soberania na Antártica. “Criou-se uma zona desmilitarizada, onde impera o princípio da paz em prol das pesquisas sobre o meio ambiente”, explica Fábio. Um dos convidados para o seminário Explorando o Cenário da Antártica, realizado pelo Departamento de Antropologia da UnB, o diplomata destaca a convivência harmônica entre grandes potências que disputam espaço no mercado mundial, como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Rússia.
ALERTA – Apesar dos esforços para manter a Antártica uma nação pós-soberana, a professora Maria Cordélia Machado, coordenadora para Mar e Antártica do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), alerta para a ameaça da bioprospecção. “A coleta de material biológico na região pode despertar interesse econômicos relacionados à patente”, afirma. “É preciso regular e fiscalizar essa área da pesquisa para que a finalidade científica não perca a prioridade”, disse a especialista, que apresentou informações sobre a participação do Brasil no continente gelado.
Só nos últimos sete anos, o Brasil investiu R$ 118 milhões em ciência e tecnologia voltadas para a exploração da Antártica. “É um laboratório vivo preservado para áreas como Ciências da Vida, Geociências e Monitoramento Ambiental”, diz. Um dos últimos investimentos do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) foi a compra do navio polar Almirante Maximiano, adquirido em 2008 e incorporado à Marinha do Brasil para auxiliar projetos desenvolvidos na Estação Científica Comandante Ferraz, localizada no continente.
UnB Agência