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unesp-giovanni-zuppiA Unesp deseja aumentar sua participação no programa de financiamento à pesquisa da União Europeia, o chamado 7º Programa Quadro (Framework Programme 7 ou FP7). A intenção foi manifestada pelo vice-reitor Júlio Cezar Durigan, durante a Conferência Geral sobre Cooperação Internacional no FP7. O evento foi realizado no câmpus da Barra Funda, nos dias 26 e 27 de agosto, com palestras de técnicos e pesquisadores italianos. Gestores e líderes de pesquisa de diversos câmpus e de outras instituições brasileiras participaram do encontro.
“Nossas metas de internacionalização exigem a cooperação em projetos de pesquisa e inovação tecnológica, e não apenas intercâmbio de alunos e professores”, afirmou Durigan. Para o representante científico da Embaixada da Itália, Roberto Spandre, o Brasil tem muito potencial inexplorado. “Esse programa pode ser uma excelente oportunidade para o país conquistar um espaço mais expressivo no cenário científico internacional, e as universidades italianas tem todas as condições de realizar essa parceria.”

Desde 1984, a União Europeia desenvolve uma política de pesquisa e desenvolvimento tecnológico baseada em programas quadro plurianuais. Hoje, esse é o principal instrumento de fomento à ciência do bloco econômico. A sétima e atual edição corresponde ao período de 2007 a 2013 e tem o maior orçamento da história do projeto: 50,5 bilhões de euros, uma média de 7,2 bilhões de euros por ano.

O 7º Programa Quadro é composto de universidades ou empresas de um país-membro da União Europeia ou de Estados associados, ou seja, que também contribuem com recursos financeiros para a existência do programa, como Israel, por exemplo. O Brasil é um país terceiro, ou seja, pode participar atrelado a pelo menos três instituições de países-membros ou associados. Para isso, é preciso ter contato prévio e responder dentro do prazo aos editais temáticos.

“A adesão poderia ser muito mais alta. Até mesmo recursos destinados a editais específicos para o país retornam por falta de candidatura de projetos”, afirmou Paulo Egler, coordenador do Bureau Brasileiro para Ampliação da Cooperação Internacional com a União Europeia (Bbice). O órgão foi criado em 2005 com o objetivo de aproximar os cientistas brasileiros dos centros de pesquisa europeus e, sobretudo, divulgar o FP7.

O programa tem quatro divisões: Cooperação, em que o Brasil tem sido o 5º país terceiro em adesão; Capacidades, que buscam desenvolver infra-estruturas de pesquisa em países terceiros; Pessoas, voltado a intercâmbio e formação de recursos humanos e que tem tido grande participação brasileira; e Ideias, destinado à ciência de fronteira, ou seja, com o mais alto grau de inovação – o país ainda não teve nenhum projeto aprovado nesta categoria.

"Propostas excelentes"

A maior preocupação do FP7 hoje é a busca pela qualidade para elevar as taxas de sucesso das propostas que se candidatam, conforme palavras de Gianluca Rossi, representante da APRE (Agência para a Promoção da Pesquisa Europeia), que reúne os principais centros de estudos da Itália. A taxa de aprovação dos projetos na Europa é de cerca de 19%, e no Brasil, 15%. Na Unesp, esse índice de sucesso é de 32%, mas o volume de candidaturas é pequeno. A instituição brasileira com maior número de propostas, a USP, alcança os 24%. Numa comparação com países emergentes, o Brasil fica para trás: a Argentina chega aos 22%, a Índia, aos 19% e a China, aos 16%.

“A proposta deve ser excelente, e não boa. Precisa ser bem escrita, ter um grande impacto na comunidade científica e na sociedade, sobretudo do ponto de vista da Europa”, afirmou Leonardo Piccinetti, diretor da Europa for Business, uma empresa de consultoria para buscas de fundos europeus. Para Egler, conhecer melhor os Work Programmes, que são uma espécie de guia detalhado de cada edital, pode ser uma estratégia para apresentar projetos mais competitivos. Ele sugeriu que as universidades tenham equipes para auxiliar os acadêmicos nessa tarefa. Outra hipótese levantada por ele é que cada programa de pós-graduação escolha um aluno para isso, já que o trabalho exige conhecimento da área de pesquisa e de inglês.

Interesse no Brasil

O coordenador do Bbice destacou outro ponto que precisa ser melhor trabalhado: a busca por parceiros. “No Brasil, os contatos ainda se limitam muito às relações interpessoais dos próprios pesquisadores, individualmente, o que tem o seu mérito, mas é necessário institucionalizar mais essa ação.”

A reputação das instituições parceiras nos países-membros ou associados também contribui para o sucesso dos proponentes. Segundo Piccinetti, a Itália é o quarto Estado europeu em excelência no Programa Quadros. A informação é corroborada por Giovanni Maria Zuppi, diretor do Instituto de Geologia Ambiental e Geoengenharia (IGAG) e professor da Universidade Ca´Foscari Venezia. Ele apresentou dados sobre as instituições que representa e acrescentou que as universidades italianas têm grande interesse em cooperar com o Brasil, sobretudo em temas em que o país vem se destacando – saúde, agricultura, biotecnologia, meio ambiente e transporte. Todo o encontro teve transmissão ao vivo pela TV Unesp.

Assessoria de Comunicação e Imprensa Unesp