Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP vai ganhar um espaço que fará com que a cidade de São Paulo tenha ainda mais interação com a Universidade. E fique à vontade para apreciar a arte de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Amedeo Modigliani, Pablo Picasso, Umberto Boccioni, Claudio Tozzi, Aldemir Martins, Antonio Henrique Amaral, Manabu Mabe... Enfim, um acervo de cerca de 8 mil obras, com artistas do século 19 até os dias de hoje.
O “novo prédio” no Ibirapuera – projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1954 como Palácio da Agricultura e que até 2008 sediou o Detran – vai ficar pronto em setembro. Mas os pesquisadores, professores e curadores do MAC já estão organizando a exposição inaugural para recepcionar São Paulo no dia 4 de dezembro. Desde abril, quando assumiu a direção, o professor, historiador e crítico Tadeu Chiarelli vem travando o desafio dessa mudança. O MAC será o maior museu de arte contemporânea da América do Sul. Porém, Chiarelli procura conter a inquietação, repetindo: “Eu não vou precisar inventar a roda”.

Prof.essor Tadeu Chiarelli, diretor do MAC
tadeu-chiarelli
Mas quase. Além dos 27 anos de experiência como professor do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, autor de diversos livros e curador-chefe do Museu de Arte Moderna (MAM), Tadeu Chiarelli recorre à experiência de grandes mestres. Pensando nas ações de Walter Zanini na direção do MAC (entre 1963 e 1978) e de outros diretores que pontuaram a trajetória do museu, ele se volta à história para priorizar a apresentação do acervo do museu.

“Nós estabelecemos uma diretriz de trabalho para o museu pautada na inauguração do novo prédio, que vai poder dar, em primeiro lugar, a dimensão do acervo para a cidade”, afirma Chiarelli. “E, ao mesmo tempo, temos a responsabilidade de projetar não só o MAC, mas também o nome da Universidade de São Paulo.”

Exposição inaugural
Enquanto explica, Chiarelli mostra os croquis do novo prédio que estão pregados nas paredes de sua sala. São 34 mil metros quadrados. O prédio principal tem sete andares, sendo que está previsto, na cobertura, um restaurante, que irá oferecer a visão privilegiada do Parque do Ibirapuera e dos arredores da cidade.

Chiarelli esboça no papel o esquema da ocupação e da exposição inaugural que vem desenvolvendo com a equipe do museu. “No térreo, serão instalados os serviços ligados à administração e à arte-educação. Todos os outros andares serão dedicados às exposições. Nós temos, em cada andar, uma grande sala e outra um pouco menor. Quando as pessoas saírem do elevador, poderão optar por ambos os lados. A sugestão é de que o público vá até o sétimo e vá descendo pelas grandes salas, destinadas à exposição do acervo”, diz o professor. “A sugestão é de que o visitante comece a fazer a leitura subindo até o sétimo para percorrer a história da arte desde o século 19 pelas grandes salas. Quando o visitante chegar no terceiro andar, terá uma surpresa. Irá se deparar com os jovens artistas surgidos a partir do ano 2000. Nós iremos dedicar dois andares só para o pessoal jovem. Já estamos selecionando esses artistas, que, a princípio, serão todos brasileiros. Nossa ideia é resgatar a proposta de Zanini, o movimento da Jovem Arte Contemporânea, JAC, que incentivou o aparecimento de pintores que hoje são destaque na arte brasileira. Neste prédio principal, o público vai ver tanto os clássicos como os jovens talentosos que estão iniciando.”

As salas menores serão dedicadas às exposições individuais, que permitem um mergulho maior na obra do artista. O visitante conhecerá o percurso de Di Cavalcanti, Julio Plaza, Léon Ferrari, Rafael França, José Antonio da Silva e Yolanda Mohalyi. Próximo ao prédio principal há um anexo que, segundo Chiarelli, “revela o melhor de Niemeyer”. Esse espaço, priorizado pelo pé-direito amplo, vai apresentar, no térreo, a instalação de Carlito Carvalhosa e, no mezanino, o fotógrafo Mauro Restiffe mostrará a documentação da reforma do prédio e a sua transformação na sede do MAC em 13 grandes painéis.

O desafio de Chiarelli e equipe na montagem é apresentar a história da arte contemporânea brasileira com o viés do conhecimento e das pesquisas da USP. “Ao contrário de outros espaços, nós não precisamos correr atrás da dinâmica acelerada de outras instituições. Ou seja, fazer uma exposição a cada dois meses. Queremos propiciar um espaço de extroversão do conhecimento artístico filtrada pelas interpretações da Universidade.”

O diretor destaca que, através desse projeto de exposições, ele pretende, ao mesmo tempo, trabalhar com a história e também com a prospecção. “O MAC irá apresentar o seu acervo, mas vai retomar a prática de Zanini, que era de prospectar, levantar e sinalizar a produção mais emergente e significativa do País”, observa. “Também não iremos trabalhar com a cronologia tradicional. Pretendemos tornar explícitas as questões que estavam mobilizando os artistas de cada período. Mostrar os problemas e discussões que geraram tantas obras importantes, para que o público possa perceber a dinâmica da arte dentro de uma visão menos previsível.”

A Secretaria de Estado da Cultura está se responsabilizando por toda a restauração do prédio e readequação para o MAC. A reforma que deveria ser feita pelo escritório do arquiteto Oscar Niemeyer foi vetada pelo Conpresp, órgão municipal responsável pelo patrimônio histórico. O arquiteto propôs um novo desenho para o edifício que alteraria o seu próprio projeto. A obra de readequação ficou, então, sob a responsabilidade da Companhia Paulista de Obras e Serviços, do governo estadual. Toda a reforma está avaliada em R$ 61 milhões. Estão sendo construídos também outros dois novos anexos para os serviços de administração e restauro, porém, por exigência do Iphan, esses prédios foram construídos para não serem confundidos com o projeto de Niemeyer.

Jornal da USP