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Nicolelis, codiretor do Centro de Neuroengenharia de Duke, passa a integrar uma seleta lista de 81 pesquisadores premiados pelo Pioneer Award desde o início do programa, em 2004. É o primeiro brasileiro a receber a honraria, a principal concedida pelo governo norte-americano a cientistas na área de biomedicina.
Há mais de 20 anos o pesquisador estuda os princípios neurofisiológicos básicos que permitem que circuitos neurais no cérebro de mamíferos produzam comportamentos sensoriais, motores e cognitivos. Tem desenvolvido abordagens experimentais e inovadoras que combinam enfoques computacionais, genéticos, eletrofisiológicos, farmacológicos e comportamentais.
O conhecimento resultante tem possibilitado a evolução da tecnologia cérebro-máquina, um campo revolucionário no qual Nicolelis é pioneiro, em uma ampla variedade de terapias clínicas.
Por meio da tecnologia cérebro-máquina, o grupo do brasileiro tem demonstrado que humanos e outros primatas podem usar efetivamente a atividade elétrica derivada de seus cérebros para controlar diretamente o movimento de dispositivos artificiais e complexos, como próteses e ferramentas computacionais.
Nicolelis planeja usar o Pioneer Award para desenvolver o primeiro ambiente em realidade virtual controlado pelo cérebro e projetado para investigar as propriedades dinâmicas de atividades cerebrais em grande escala. Outra aplicação do auxílio será no desenvolvimento de alternativas para o tratamento de distúrbios neurológicos.
“A pesquisa em interface cérebro-máquina até hoje apenas tocou o enorme potencial biomédico que as tecnologias ativadas pelo cérebro deverão ter no futuro, tanto na neurociência básica como na clínica”, disse Nicolelis.
Nicolelis graduou-se em medicina pela Universidade de São Paulo (1984), onde fez o doutorado em ciências-fisiologia geral (1989), com Bolsa da FAPESP. É também professor do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne e fundador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS). Em abril, o cientista foi eleito para a Academia Francesa de Ciências.
Agência FAPESP