
A Febrace é organizada desde 2003 pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli e seu objetivo principal é quebrar a barreira que existe entre escola e faculdade no desenvolvimento de pesquisas. A professora Roseli de Deus Lopes, do LSI, que acompanha e coordena o projeto desde seu início, conta que, por meio da Feira Brasileira, quer encontrar jovens criativos e com motivação social para a realização de projetos. O objetivo principal é instigar os jovens a exercitar a criatividade por meio da pesquisa. Ela lança o desafio: “Pense em alguma coisa que é importante para você. Algum problema que você gostaria de resolver”. A partir dessa proposta, todos os anos a Febrace recebe centenas de ideias. Só em 2010, foram 1.250. As nove selecionadas têm, agora, a chance de exibir seu trabalho também na Intel ISEF.
Como forma de preparação para a viagem, os estudantes selecionados participaram, nesta quinta-feira (6), no hotel em que estão hospedados, de um workshop, que os orientou a respeito da forma como devem lidar com os avaliadores, com o idioma e até o nervosismo. Entre os palestrantes, estava Adriana Depieri, diretora adjunta do departamento de popularização da ciência e tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia, além de professores da USP e organizadores da Febrace.
Vindos de todas as regiões do país e hospedados em um hotel em São Paulo, os alunos se mostram ansiosos para viajar e exibir seus projetos. “A maioria está fazendo sua primeira viagem internacional”, conta Roseli. Uma ideia dos organizadores para ajudar os jovens viajantes foi a de criar, no dia do workshop, um glossário para auxílio dos estudantes, onde seriam colocados termos científicos mais difíceis de se traduzir.
Engajamento
Os trabalhos desses estudantes abrangem áreas como sustentabilidade, educação alimentar e até mesmo métodos de ensino escolar. A estudante Tamara Gedankien, que vai à Intel ISEF pela segunda vez, apresenta o trabalho Gemara e Gematria – O Estudo de Caso Sobre a Utilização do Contexto Sócio-Cultural no Aprendizado de Matemática. Tamara se interessou em pesquisar por que o ensino básico não faz uso de diversas culturas do mundo – e apenas daquelas a que os alunos são submetidos na educação básica – como forma de aprimorar e enriquecer o aprendizado dos alunos. “O segundo trabalho é uma continuação do primeiro, mas com enfoque maior no ensino matemático”, conta a estudante.
O Brasil já se destacou em projetos passados na Feira Internacional. Roseli se lembra do estudante Denilson Luz de Freitas, de Vitória da Conquista, cuja avó não tinha acesso a água filtrada na região onde morava. O jovem desenvolveu um dessalinizador solar de baixíssimo custo e foi um dos vencedores da Febrace de 2008 e recebeu o prêmio de terceiro lugar na categoria “Ciências Ambientais” da Intel ISEF. Seu trabalho foi reconhecido e, ao retornar dos Estados Unidos, Denilson foi convidado a montar uma empresa que transformaria seu protótipo em produto comercializável.
A professora destaca que os avaliadores da Febrace escolhem, obrigatoriamente, estudantes de diferentes regiões e contextos sociais do Brasil, para dar variabilidade aos trabalhos expostos. “O que estamos procurando é engajamento, sede de aprendizado e brilho nos olhos”, conta Roseli, que acompanhará os estudantes durante toda a Feira Internacional, até a próxima sexta-feira (14).
Mais informações: www.febrace.org.br
Agência USP