Durante as aulas, todas as etapas de elaboração de um instrumento de corte são explicadas: começa no forjamento da escultura bruta do metal, passa pelo tratamento térmico - conhecido por normalização - até a usinagem, onde a ferramenta recebe o formato final. ?A maioria dos alunos chega sem habilidade manual alguma e saem capazes de construir outros instrumentos de corte?, explica Hoffmann.
O especialista conta que a qualidade da lâmina e a durabilidade da faca produzida artesanalmente é superior às industrializadas. ?Utilizamos o aço carbono em nossas aulas. A indústria ainda não conseguiu produzir uma liga de aço inoxidável que se aproxime dessa qualidade. Além disso, as melhores são caras e difíceis de encontrar?, compara.
HOBBY - Segundo Hoffmann, muitos dos participantes do seu curso de cutelaria demonstram interesse pela arte e buscam realizar um sonho. ?As pessoas nos procuram para encontrar um novo hobby e acabam encontrando uma profissão?, explica. Ele mesmo, engenheiro florestal e servidor público federal, passou por esse processo.
Outro apaixonado pela cutelaria é o economista Nagib Abdanur. Participante dos dois primeiros cursos, ele montou uma oficina em sua própria onde possui uma forja, um forno que atinge 1.300ºC. ?Faço facas o ano inteiro para pessoas do Brasil e dos Estados Unidos?, conta. Abdanur explica que, dependendo da qualidade do material utilizado, o preço das facas varia e pode atingir até R$ 3 mil. ?Não produzo facas por dinheiro, mas por puro prazer?, pondera.
Hoffmann assegura que a venda de facas é mais fácil que de pinturas, por exemplo. ?Nas artes plásticas, você precisa de um grande nível técnico e ser conhecido no mercado. Na cutelaria isso não acontece?, garantiu. A página da Sociedade Brasileira de Cutelaria pode ser acessada aqui e oferece informações sobre blogs e fóruns onde é possível trocar informações sobre o assunto.
CURSO - A próxima edição do curso receberá seis alunos, entre os dias 6 e 12 de fevereiro, no Departamento de Artes Visuais da UnB, num total de 42 horas de aula. O período de inscrição será aberto no próximo dia 20 e se encerrará no primeiro dia do curso, caso ainda haja disponibilidade de vagas.
O valor do investimento é R$ 1.750 que inclui o material para a confecção das ferramentas: aço, martelo e madeira dos cabos. No entanto, o aluno deve providenciar o equipamento obrigatório de proteção individual: avental, calçado e luvas ? todos de couro -, além de máscara anti-pó e camisa de mangas longas. A organização do evento também explica que somente maiores de 14 anos podem participar.
Pessoas de idades diversas ? entre 17 e 65 anos ? já estudaram cutelaria nas 15 edições anteriores. Médicos, juízes, advogados, alunos e estudantes da UnB e de outras universidades, até mesmo interessados oriundos de outros estados também iniciaram com Hoffmann seus conhecimentos sobre cutelaria.
Hoje, a comunidade cuteleira de Brasília é composta por cerca de 100 pessoas. Elas se reúnem às quintas-feiras na Oficina Livre de Cutelaria, no Instituto de Artes da UnB (IdA), das 18h às 21h. ?É uma chance de aproximar os interessados e que aqueles que participaram do curso continuem seu aprendizado?, observa Hoffmann.
SERVIÇO
Maiores Informações sobre o Curso de Cutelaria Artesanal
Dias e Horários: Segunda a Domingo (segunda a sexta das 19h30 às 23hs e sábado e domingo das 9h às 23hs)
Prédio Multiuso I, Bloco A, Sala AT-57/7
Telefones: (61) 3107-5804/5917/5918/5919
Horário de Funcionamento: 8h às 12h e das 14h às 18h
E-mail:Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
UnB Agência