que contou com palestras realizadas na Sociedade de Medicina de Presidente Prudente (Casa do Médico) e atividades práticas nos laboratórios do campus I da universidade.
“Desafios na Formação do Cirurgião Cardiovascular” foi o tema abordado pelo Dr. Rui Manuel de Sousa Sequeira Antunes de Almeida, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. Segundo ele, essa especialidade foi duramente atingida nos últimos anos em função das novas tecnologias, havendo um grande desinteresse nessa residência porque o foco estava voltado à metodologia invasiva. “Além disso, eram 2 anos de cirurgia geral para começar, e depois mais 4 anos de cardíaca, então era muito longa a formação. Com a mudança, agora são 5 anos com acesso direto e estamos vendo um maior número de médicos que procuram a residência. Esse congresso demonstra o interesse que as pessoas têm não só na cirurgia cardíaca mas na cardiologia, e isso nos deixa satisfeito. Eu amo essa área, mas cada um precisa saber se é o que realmente deseja, pois a medicina em si já requer uma dedicação muito grande do profissional, e a cirurgia cardíaca, pelas longas horas de cirurgia, pelas complicações que podem surgir, exige mais tempo ainda”, destacou.
Em seguida, o Dr. Paulo Chaccur, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, falou sobre transplante cardíaco como forma do tratamento do doente com insuficiência cardíaca refratária grave, e expôs a situação do Brasil nesse aspecto. “O transplante em alguns anos ficou muito desacreditado, mas hoje é um tratamento efetivo, com bons resultados e uma sobrevida bastante satisfatória. Conseguimos atender quase 50% dos pacientes que têm expectativa de tratamento para uma insuficiência cardíaca terminal. Infelizmente, por questões econômicas, não conseguimos incorporar a alta tecnologia no tratamento da insuficiência cardíaca, com dispositivos de assistência, entre outros que podem fazer com que o indivíduo viva dependente da máquina e não passe por transplante. Nos Estados Unidos, 50% dos doentes acabam tendo esse tipo de tratamento e 50% vão para transplante, então lá também há o problema de falta de doador e isso é o que sempre impacta na limitação e na realização do transplante”, mencionou.
O coordenador do Programa de Cirurgia Cardíaca Institucional do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Robinson Poffo, falou sobre “Cirurgia Minimamente Invasiva”. Segundo ele, hoje, com o avanço da tecnologia e novas técnicas, é possível operar o paciente do coração sem que haja a abertura do peito, que é a técnica reconhecida como minimamente invasiva. “A grande vantagem é que o paciente evolui melhor, com menor tempo de internação, menor uso de sangue durante a cirurgia, menor índice de complicações como infecção, por exemplo. E com o advento da cirurgia robótica, que faz parte da cirurgia minimamente invasiva, nós conseguimos diminuir ainda mais as incisões. Então, é possível operar o coração com apenas punções, realizando cirurgias de ponte de safena, de válvulas, de cardiopatias congênitas, entre outras. Considero a incorporação da robótica como o último grande avanço na área cirúrgica”, afirmou.
Abertura do Congresso
Na noite de sexta-feira (9), antes das três palestras, o professor preceptor da liga, Dr. Rômulo César Arnal Bonini, acompanhado da presidente e do vice-presidente da liga, os alunos Pâmela Dútil e Lucas Cavalcanti, prestaram homenagens ao diretor da Famepp, Dr. Gabriel de Oliveira Lima Carapeba, e ao diretor administrativo do Hospital Regional (HR), Luciano Luiz Leite, o frei Jacó. “Estou muito feliz de prestigiar esse evento, e não é o primeiro que a Liga realiza com palestrantes de renome nacional. Todos os organizadores estão de parabéns. A gente pode ver que vários nomes da cirurgia cardíaca tanto trazem técnicas de fora como levam daqui para outros países. Tenham certeza que a experiência nesse congresso é um aprendizado ímpar que vocês levarão por toda a vida”, frisou Carapeba.
O frei Jacó mencionou a satisfação em participar do congresso. “Entendo ser um grande desafio realizar um evento dessa magnitude, mas isso só acontece quando estão envolvidas pessoas corajosas, como é o Dr. Rômulo e sua equipe. E assim ocorre com o HR, pois mesmo estando tão distante da capital, num hospital 100% SUS, conseguimos oferecer saúde de qualidade, fazer cirurgias cardíacas comparadas aos melhores hospitais do Brasil. Desde o primeiro momento que o HR começou a falar em transplantes, o Dr. Rômulo e a sua equipe já disseram que estavam preparados. A nossa gratidão de ver pessoas ousadas, que fazem e acreditam”, pontuou.
Em nome da Sociedade de Medicina de Presidente Prudente, o Dr. Ricardo Martucci parabenizou os organizadores do congresso e ressaltou a importância de eventos científicos. “Eles trazem conhecimentos, os quais são transferidos aos pacientes e que serão os principais beneficiados. Então a gente enaltece atividades que vêm com esse propósito”, afirmou.