Ela integrou a mesa-redonda sobre o assunto composta só por mulheres, na noite dessa quarta-feira (24). A atividade, conduzida pela professora Adiane Mitidiero, da Unoeste, teve também a participação especial da engenheira e maker, Gedeane Kenshima.
Cláudia conta que os laboratórios makers já são realidades em algumas escolas. São espaços onde os alunos desenvolvem projetos, criam protótipos e discutem problemas da comunidade. Mencionou uma escola particular para baixa renda, na zona leste de São Paulo, que criou um espaço maker onde os alunos aprendem a documentar, escrever, ler projetos, prototipar, aplicando, assim, a escola dos séculos 20 e 21 ao mesmo tempo. “No mundo contemporâneo, uma das competências mais importantes é a resolução de problemas, então, que tal o uso desses espaços para resolver problemas que crianças e jovens percebem na sua comunidade? Um dos problemas nas favelas do Rio de Janeiro, além da violência, é o lixo. Questão que poderia ser levada às escolas para que os estudantes buscassem uma solução. Discutindo isso, o aluno aprende cidadania, raciocínio matemático, química, geografia, tudo de forma integrada. E as invenções e a educação têm um processo muito parecido, porque desconhecem barreiras físicas, ou seja, você aprende em toda parte”, frisou.
Sobre as tecnologias, a educadora afirma que elas devem ser usadas como facilitadoras para construir competências. Em sala de aula, por exemplo, um aluno pode se distrair e não prestar atenção na explicação do professor sobre a fórmula de Bhaskara. Então, quando chega em casa ele irá assistir o vídeo no Youtube sobre essa matéria e voltará para a aula sabendo daquilo. “Um bom professor, já prevendo isso, passaria o vídeo como lição de casa e na aula realizaria outras atividades com base no que eles aprenderam com tarefa, assim, não seria mais um mero fornecedor de aula, mas sim um assegurador de aprendizagem. Ele vai criar atividades em grupo, onde os alunos irão se ajudar nas dificuldades. Desta forma, o professor está sendo demandado naquilo que ele traz de mais nobre, que é a capacidade de ensinar a pensar. Isso o vídeo não ensina, o professor em sala de aula, sim”.
Ainda na escola, inclusive nos espaços makers, Cláudia afirma que o docente pode adotar atividades que levam à persistência e à garra, sendo essas competências cognitivas e sociemocionais que devem ser ensinadas. “E mais importante, devemos ensinar que somos portadores de sonhos e que os sonhos nos levam a projetos de vida. Quanto mais cedo você ensina para a criança que a responsabilidade da construção da vida dela é dela mesmo, melhor. Empreendedorismo não é ser empresário, é empreender primeiro a sua vida. Ser protagonista é formar para autonomia e depois para a cidadania global”, enfatizou.
Sobre o movimento faça você mesmo, Gedeane conta que tem ministrado várias oficinas e palestras, principalmente destacando a participação feminina. “Venho de uma formação que a maioria é homem, então temos que fazer aquele resgate de mostrar para as mulheres que elas também podem fazer, e em suas diversas áreas, pois o maker está muito associado à tecnologia, mas é o artesanal também, é o botar a mão na massa. E qualquer pessoa, independentemente de sexo e idade, pode fazer parte desse movimento”, afirma.
Ela conta que o seu interesse por essa cultura começou quando ela comprou seu primeiro kit arduino, em 2015. Trata-se de uma plataforma de prototipagem eletrônica que permite invenções diversas, inclusive ela levou algumas de suas criações, como o projeto de chapéu com efeito luminoso e um par de brincos que acende. “O fazer você mesmo pode ser em tudo, desde roupas e acessórios, projetos grandes, enfim, tudo pode ser feito com as próprias mãos. Não precisa terceirizar a tecnologia, mas colocar a mão na massa e fazer também. É inclusive uma forma de economizar”, pontuou.