"Uma situação ideal, com a qual eu sonharia, seria da população demandando dos governos assuntos sobre os quais pesquisadores trabalhariam para resolver problemas. Eu acredito que o pesquisador precisa ter liberdade para escolher o que pesquisar, mas eu adoraria ter um conjunto de pautas levantado por uma sociedade com engajamento científico para direcionar meus esforços de pesquisa", acrescenta Walter Ruggeri Waldman, também professor do DFQM.
Com esse espírito, de contribuir para a disseminação cada vez mais ampla do conhecimento científico, Dias e Waldman participam na próxima semana do Pint of Science, festival internacional de divulgação científica que, neste ano, acontece pela primeira vez em Sorocaba, além de mais de 100 outras cidades em 11 países. Nos dias 15, 16 e 17 de maio, sempre a partir das 19h30, os bares "Venda Dona Noêmia", "Depois Bar e Arte" e "New York Bar 41" serão palco de conversas entre cientistas e o público sobre temas que vão da produção artesanal de cerveja à vida fora da Terra, dentre vários outros.
Na segunda-feira, dia 15, na Venda Dona Noêmia, Airton Dias fará a apresentação "Física e Geologia: uma boa parceria". "Através dessa junção entre Física e Geologia, vamos falar sobre o passado e suas conexões com o presente e o futuro. Essas questões temporais estão interligadas a partir da pesquisa que desenvolvo sobre evolução geológica da Terra. Qualquer coisa ligada aos mistérios do passado, suas consequências para o presente e o desconhecido do futuro sempre nos intrigará. Não espero responder às grandes questões filosóficas da Humanidade, mas acho que poderá ser divertido, leve porém motivador, um momento de desconcentração ouvindo sobre Ciência", reflete o pesquisador.
Walter Waldman também traçará uma linha do tempo, mas sobre o relacionamento da sociedade com o lixo que produz. A apresentação do pesquisador acontece na terça, dia 16, no New York. "Abordaremos como essa relação evoluiu com o aumento do espaço ocupado por nós e a diminuição do espaço ocupado pelo lixo, que nos obrigam a ver e sentir os impactos de um descarte inadequado. Assim como hoje parece um absurdo o descarte feito antigamente - e era mesmo! -, certamente será considerado um absurdo no futuro a produção de bens considerando a remediação de danos associados e não a busca de uma produção que não ataque o ambiente.
Discutiremos, interagindo com o público presente, o que se entende atualmente por descarte adequado, apontando as tendências e propostas mais recentes, como a Química Verde e o conceito de Economia Circular", adianta Waldman. "Eu convido a população de Sorocaba a vir, para refletir sobre como cada um se comporta no que diz respeito ao que não 'serve' mais para si, sobre se a relação com isso que não 'serve' deve se interromper no momento em que descartamos esse material no lixo - delegando a responsabilidade pela destinação ao poder público - ou se prolongar até o material servir a uma outra função ou se integrar aos ciclos naturais do carbono, nitrogênio etc.", conclui.
Além de Dias e Waldman, outros 11 convidados participarão da edição sorocabana do Pint of Science. A entrada em todos os eventos é gratuita, devendo os participantes arcarem apenas com o que consumirem. A programação completa pode ser conferida no site do Pint of Science Brasil (http://posbrazil.wixsite.com/posbrazil), onde inclusive estão os eventos de São Carlos, cidade em que o festival também conta com a participação e o apoio da UFSCar. Em Sorocaba, a coordenação local é da Universidade, sob a liderança de Ana Claudia Lessinger, docente do Departamento de Biologia (DBio) da UFSCar. O patrocínio local é da Cervejaria Bamberg e da loja Mestre Cervejeiro, além do apoio da Turismo Práxis Júnior (Empresa Júnior do curso de Turismo do Campus Sorocaba), do DBio e do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Noturno do Campus.
Pint of Science
Pint (pronuncia-se "páint") é o nome dado a um tradicional copo de cerveja, cuja capacidade varia de país para país, mas fica sempre próxima a meio litro. Já o Pint of Science nasceu em 2013, na Inglaterra, sendo realizado no Brasil pela primeira vez em 2015, em São Carlos, pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP). Em 2016, foram seis os municípios brasileiros participantes, número que neste ano chega a 22. O objetivo é levar a Ciência mais próxima às pessoas, neste formato descontraído de evento que acontece, justamente, nos bares.