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A partir dos determinantes sociais de saúde e com uma reflexão sobre a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2012, o curso de Medicina da Unoeste acrescenta no Plano Pedagógico conteúdo voltado à saúde da população negra e indígena de Presidente Prudente. O assunto “Relações étnico-raciais – saúde da mulher negra e indígena” será trabalhado pela professora doutora em Letras, Édima de Souza Mattos, junto aos acadêmicos do 1º ao 5º termos que integram o Programa de Aproximação Progressiva à Prática (Papp).
Um dos coordenadores do Papp, professor doutor Alex Wander Nenartavis, explica que os determinantes sociais sugerem que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. Sobre a SIS 2012, ele conta que foram extraídas diversas informações que os levaram a refletir sobre o conteúdo acrescentado na disciplina, como, por exemplo, a estatística que aponta que filhos de mães negras apresentam maior risco de adoecer e de morrer, em relação aos filhos de mães brancas. Outro dado mostra que a expectativa de vida da população negra é sete anos menor do que a branca.
 
De acordo com o coordenador, a partir dos estudos e na esteira da Política Nacional de Humanização (PNH), (HumanizaSUS), “a equipe do Papp, estimulada pela coordenação do curso, busca estratégias que efetivem a equidade na atenção à saúde da população negra no município, a serem implantadas este ano nas unidades de Estratégia Saúde da Família (ESFs)”. Segundo ele, os discentes serão capacitados para atuarem como multiplicadores de informações para os profissionais de saúde nas unidades. “O objetivo é que haja mudanças de atitude frente aos problemas enfrentados por essa população em nosso município”.
 
O doutor explica que serão estimuladas práticas de promoção e educação em saúde para a população, possibilitando melhoria no acesso ao Sistema de Saúde. Também serão desenvolvidas ações voltadas à população privada de liberdade, onde será abordada a situação da região. “Essas pessoas tendem a requerer mais assistência médica, pois tem maior risco de adoecer, além de o ambiente prisional contribuir para a proliferação de doenças”, explica. Nenartavis frisa que todas as populações vulneráveis serão alvo de estudos e investigações científicas. A ideia, segundo ele, é colocar em prática o princípio da equidade do Sistema Único de Saúde (SUS), que sugere dar mais a quem mais precisa.
 
Para a professora doutora Édima de Souza Mattos, que atua como representante estadual da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania voltada à população negra, essa nova demanda de um ensino democrático solicita um olhar mais concreto para todas as etnias. “Sempre houve esse olhar, mas agora é com mais acuidade e preocupação. Atentos a todas as etnias formadoras do povo brasileiro, em todos os seus aspectos, estamos olhando para o país”. Relata que são ações participativas, políticas afirmativas e de desenvolvimento. Ela lembra que o último senso revelou que mais de 50% da população brasileira são afrodescendentes.
 
Ela enaltece a iniciativa da graduação e afirma ser um ganho para a sociedade em si, em especial para a comunidade negra no cenário nacional. Discorre que o objetivo é conscientizar sobre a saúde da população negra, com ênfase na mulher. “Eu tenho um conhecimento muito profundo sobre o negro em todos os aspectos. Agora, trabalhar essa questão da saúde da mulher negra é um grande avanço para a nossa universidade e também para outras instituições”, afirma.
 
Como representante estadual da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania, ela conta que estará em São Paulo, no Palácio do Governo, relatando as ações que Presidente Prudente desenvolve, e destacará em especial a iniciativa da Unoeste. “Eu posso não só citar os dados de IBGE sobre a saúde da população negra, mas como também tenho relatos pessoais por ser professora e ser negra. Não tem como separar as duas coisas. Isso para mim é com muito carinho, pois falo com conhecimento de causa, até pelos meus pais e avós”.
 
Com apoio da coordenação e direção do curso, a professora revela que pretende desenvolver o projeto de iniciação científica junto aos alunos do Papp para levantar o perfil da saúde da mulher negra no município de Prudente. “Nossos discentes terão uma realidade que eles não conheciam e vão trabalhar junto à periferia com um olhar concreto sobre a saúde desta mulher”, finaliza.