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Cibercultura e vários outros temas relacionados à área de Comunicação estiveram na pauta do dia do I Ciclo de Debates em Comunicação e Jornalismo Contemporâneos, que acontece hoje (14) no Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba. O Ciclo foi aberto às 9h30, com palestra do especialista em cibercultura, André Lemos, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que falou sobre “Comunicação, Cibercultura e Teoria Ator-Rede”.
O professor convidado começou a preleção explanando aspectos da Teoria Ator-Rede (ou ANT de sua sigla em inglês Actor-Network Theory), uma corrente da pesquisa em teoria social que se originou na área de estudos de ciência, tecnologia e sociedade. Embora ela seja conhecida por sua controversa defesa de uma agência dos elementos não-humanos, também é associada a críticas à sociologia convencional tanto quanto à sociologia crítica. André Lemos destacou que o assunto é mais trabalhado em outras áreas das Ciências Sociais, como Sociologia, e menos em Comunicação, mas é de grande valor aplicado a esta, especialmente em se tratando de estudos de mídia como cibercultura.

Em linhas gerais, disse André Lemos, a referida teoria tenta compreender os diversos atores da vida em sociedade. Esta pode ser aplicada à Comunicação para entender fenômenos midiáticos. Nesse sentido, um dos exemplos dados por ele remeteu as manifestações no Oriente Médio, onde redes digitais e sociais, como Twitter e Facebook, foram um canal expressivo no que se refere à organização dos levantes populares.

A participação dessas mídias no contexto contemporâneo, considerada fundamental para alguns e para outros uma mera ferramenta, gera inúmeras discussões, inclusive na Teoria Ator-Rede. “Mas o que nos interessa nesta Teoria é justamente discutir sobre suas controvérsias”, afirmou André Lemos. E acrescentou: “Não devemos ter uma mera visão tecnocrática das redes - algo somente por onde as coisas passam. A rede é o que se forma das articulações e essas articulações são feitas pelos sujeitos, atores”, explicou.

A manhã terminou com o lançamento dos seguintes livros do convidado: “Cibercultura: Tecnologia e vida social na cultura contemporânea”, “O futuro da Internet”, “Comunicação e mobilidade: aspectos socioculturais das tecnologias móveis de comunicação no Brasil”.

Mais sobre a Teoria Ator-Rede e André Lemos

A Teoria Ator-Rede enfatiza a ideia de que os atores, humanos e não humanos, estão constantemente ligados a uma rede social de elementos (materiais e imateriais). Desenvolvida principalmente por Michel Callon e Bruno Latour, a Teoria foi construída à luz de uma perspectiva construtivista e baseia-se principalmente em dois conceitos: tradução e rede; e dois princípios extraídos do filósofo-sociólogo David Bloor - o princípio de imparcialidade, que diz que não devemos conceder um privilégio àquele que conseguiu a reputação de ter ganho e de ter tido razão face a uma controvérsia científica - e o princípio de simetria, que afirma que os mesmos tipos de causas explicam as crenças verdadeiras e as crenças falsas.

O termo "actante" é utilizado como uma forma neutra de se referir a atores tanto humanos como não-humanos, posto que representantes da corrente consideram que a palavra autor tem uma carga simbólica ligada ao "ser pessoas".

André Lemos é o maior especialista brasileiro em Cibercultura, com 13 livros publicados nesse campo do conhecimento. Tem Doutorado em Sociologia pela Universidade René Descartes, Paris V, Sorbone; Pós-doutorado pela University of Alberta e McGill University (Canadá), foi presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS) e coordena o Grupo de Pesquisa em Cibercidades (GPC/UFBA).

Programação diversificada

Das 14 às 17h ocorrem, simultaneamente, quatro oficinas voltadas para estudantes e profissionais de jornalismo, arte e mídia, publicidade e propaganda e áreas afins: “Jornalismo Digital e infografia”, “A fotografia digital como registro do cotidiano”, “Computação gráfica 3D para mídias e entretenimento” e “Videografia básica para novas mídias”.

Às 19h, será lançado o novo projeto do Departamento de Comunicação Social, o portal “Repórter Universitário”, que visa acolher a produção multimídia de alunos e professores e servir como ambiente de divulgação de eventos, seleções de professores, trabalhos de extensão e o noticiário referente ao jornalismo.

Às 19h30, ocorrerá a segunda sessão de lançamento de livros com os seguintes títulos: “Metamorfoses Jornalísticas II: a reconfiguração da forma” (Demétrio de Azeredo Soster e Fernando Firmino da Silva), “Dionísio na idade mídia: estética e sociedade na ficção televisiva seriada” (Cláudio Paiva), “Afrodite no Ciberespaço: a era das convergências” (Claudio Paiva, Marina Magalhães e Allysson Viana Martins), “Produção e colaboração no jornalismo digital” (Carla Schwingel e Carlos Zanotti).

Às 20h, começarão as apresentações e debates na mesa-redonda “Jornalismo em Redes Digitais” com discussões sobre: Mediação da Participação do Público: o caso Eu q Fiz (Ricardo Oliveira, coordenador de mídias digitais da Rede Paraíba de Comunicação), As mídias abertas da América Latina e do mundo (Claudio Cardoso Paiva, professor da UFPB), Tecnologias móveis e jornalismo (Fernando Firmino da Silva, docente da UEPB), TV digital, construção do real e mediadores públicos (Águeda Miranda Cabral, professora da UEPB) e A contribuição do Jornalismo Científico nas Redes Digitais (Patrícia Rios, professa da UEPB e da Facisa).

Segundo o professor Fernando Firmino, docente de Comunicação da UEPB, doutorando em Comunicação pela UFBA e orientando do convidado André Lemos, há diversas ideias de prosseguir com ciclos semelhantes, tratando de discussões sobre jornalismo investigativo e telejornalismo. Firmino, que também está na organização do evento, disse que em breve futuras iniciativas devem ser divulgadas. Até lá, os interessados podem conferir mais informações no endereço http://jornalismouepbdebates.wordpress.com.