“Estamos nos adiantando, já que a abertura mundial do Ano da Química será no dia 28, em Paris. Mas não podíamos deixar de aproveitar a vinda de Yonath a Campinas, onde participará de atividades no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron”, explica o professor Antonio Claudio Herrera Braga, diretor associado do IQ e membro do comitê organizador dos eventos.
Em 108 anos de história do Nobel, a cientista israelense é apenas a quarta mulher contemplada na área de química. A primeira foi Madame Marie Curie (1911) – primeira pessoa, também, a ser laureada duas vezes (ganhou o prêmio de Física em 1903), seguida da sua filha Irene Joiliot-Curie (1935) e da britânica Dorothy Crowfoot-Hodgkin (1964). “A escolha de 2011 se deve, sobretudo, por ser o ano do centenário do Nobel de Química a Madame Curie”, acrescenta Herrera.
Conhecida por seus trabalhos pioneiros sobre a estrutura do ribossomo, Ada Yonath é diretora do Centro de Estrubura Biomolecular do Instituto Weizmann (Rehovot, Israel) e introduziu uma nova técnica para o estudo de cristalografia em estruturas biológicas, a biocristalografia. Suas pesquisas versam sobre os processos que regem a chave da vida, como a tradução feita pelos ribossomos da informação do DNA. Química e sociedade – Durante o ano, a Unesco e a União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) estarão apoiando atividades educacionais interativas para públicos de todas as idades, sob o tema “Química – nossa vida, nosso futuro”. Segundo Antonio Herrera, o principal objetivo é divulgar a contribuição da química para as demandas da sociedade, estimulando o interesse do público por esta ciência, sobretudo do jovem. “Mais do que promover palestras e outros eventos dentro da academia, nosso Instituto quer levar a química para fora do campus, mostrando como ela está presente na vida de cada um”.
O professor Marcelo Ganzarolli de Oliveira, que também integra o comitê organizador, atenta para o preconceito ainda existente contra a química, associando-a com a poluição e outros males e perigos. “A intenção é demonstrar que a química, como classifica a Iupac, é uma ‘ciência central’, começando por estudar os átomos, as moléculas e como elas interagem entre si para formar novos materiais sólidos e líquidos. Esta noção é pouco colocada para a sociedade, que tem a imagem historicamente distorcida de que se trata de uma disciplina difícil e chata”.
Nesse sentido, Ganzarolli informa que o IQ vai promover a terceira edição do Programa Química em Ação, voltado a alunos da rede pública de ensino e que agora será estendido aos professores. O programa, que acontece no mês de julho, é executado em dois blocos: no primeiro, todos vêm ao Instituto para participar de palestras e demonstrações experimentais nos laboratórios; noutro, são os docentes do IQ que vão às escolas ministrar palestras sobre temas relativos à química.
De acordo com Antonio Herrera, outro canal de interação com a comunidade externa é o Simpósio de Profissionais do Ensino de Química (Simpeq), destinado a aproximar Universidade e professores de química do ensino básico. “É um workshop com palestras, atividades experimentais, apresentação de trabalhos e debates, que funciona quase como um treinamento para aprimorar a capacitação dos professores. Queremos intensificar esta relação por meio de novos eventos, como feiras de ciência e distribuição de kits de experimentos nas escolas”.
Esboços de imagens que deverão compor o Mural da QuímicaO Boulevard e o Mural – Um projeto mais audacioso e perene, que não ficará apenas para o Ano Internacional, é a criação do Boulevard e do Mural da Química, com a transformação em calçadão da rua Josué de Castro, que divide as duas quadras tomadas pelos prédios do Instituto de Química. A via possui 200 metros de extensão e é bastante utilizada como passagem para o Ciclo Básico. “Vamos fazer da rua, que já conta com dois jardins, um ambiente agradável para estudos e convívio”.
O projeto inclui um mural permanente, executado em mosaicos com imagens estilizadas – como de uma tabela periódica e de moléculas – mostrando a contribuição da química para a sociedade e como ela foi evoluindo. “Serão 400 metros quadrados que servirão, inclusive, para fazer uma apresentação geral da química aos alunos iniciantes. Além da contribuição intelectual de colegas docentes, teremos a parte artística que caberá a um escritório de arquitetura. Queremos inaugurar o novo espaço em 18 de junho, Dia do Químico”.
Para o professor Marcelo Ganzarolli, obras físicas como esta e as tantas atividades previstas para o ano não seriam viabilizadas sem o patrocínio das empresas 3M, Merck Sharp & Dohme, Vale, Cristália, Natura, AkzoNobel, Cargill, Contech, Nortec Química e Waters. “Estamos convidando um número expressivo de palestrantes do setor produtivo e programando visitas dos alunos de graduação às empresas. Esperamos manter um contato mais próximo, até para viabilizar estágios e contratações”.
As palestras do AIQ na Unicamp seguirão os temas sugeridos pela Iupac, como água, energia, reciclagem e reuso, impacto da química na nutrição, história da química, desafios do mercado profissional e Marie Curie e as mulheres na ciência. A expectativa do comitê organizador é de atingir um público de 40 mil pessoas no correr de 2011, preferencialmente da comunidade externa.
Comunicação Social
Unicamp