Os dois eventos, que contam com o apoio de diversas instituições, entre elas a FAPERJ, terão lugar entre os dias 6 e 9 de outubro, nas dependências da Academia Nacional de Medicina, no centro da cidade.
O congresso, que é anual, este ano terá como tema as instituições médicas. Será também a segunda vez que o Rio de Janeiro sediará o encontro. "Isso se deve à importância da cidade, que foi onde surgiram as primeiras instituições médicas criadas no País. Muito da história da medicina brasileira se confunde com a história do Rio de Janeiro", explica Antonio Rodrigues Braga Neto, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretário executivo do congresso. Como conta Antonio Braga, a própria Academia Nacional de Medicina, onde o congresso será realizado, foi fundada durante o império, com o nome de Academia Imperial de Medicina. Com a proclamação da República, passou a ter o nome que conserva até hoje. "Também manteve a mesma função, de assessorar as autoridades de saúde por ocasião de epidemias e casos de saúde pública. Foi assim durante a epidemia de febre amarela na cidade, no século XIX, e recentemente na epidemia de dengue de 2002 e na de gripe suína de 2009", fala.
Da mesma forma, a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ), o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (SMCRJ) também figuram entre as primeiras instituições fundadas no país. "A Santa Casa, por exemplo, foi o segundo hospital criado no Brasil, em 1582. Em adição ao prédio original, da época de sua criação, foram inauguradas novas dependências em 1840, durante o império, com a presença do próprio D. Pedro II, para melhor atender a população que crescia. É onde a instituição funciona até hoje", esclarece Antonio Braga. Ele acrescenta: "As Santas Casas, ou as chamadas Casas de Deus, existem no mundo inteiro. A primeira foi criada em Lisboa, mercê das benesses da rainha Dona Leonor; no Brasil, a primeira foi erguida em Santos, e a segunda no Rio de Janeiro." Da mesma forma, Antonio Braga destaca que a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro é também uma das associações mais antigas do país, valorizando a organização da categoria médica em torno das discussões específicas da saúde e de seu papel político.
Para contar essas e outras histórias, a programação do congresso apresentará painéis sobre temas diversos. Três deles falarão sobre a história das especialidades médicas, da oftalmologia à psiquiatria, da cirurgia oncológica à cirurgia plástica; outro debaterá sobre as instituições médicas e científico-culturais. E ainda outra palestra será dedicada às Santas Casas. Haverá também uma apresentação sobre a história dos medicamentos, contada por meio da propaganda. Paralelamente, serão abertas duas exposições: "Arte e Saúde", no museu da academia, e "Livros Raros", na biblioteca da mesma instituição. Antonio Braga antecipa ainda sobre as homenagens previstas durante o evento. Uma delas é a entrega da medalha José Correia Picanço, que agraciará três médicos de renome da sociedade carioca; outra será o prêmio Carlos Silva Lacaz, que selecionará a melhor monografia sobre o tema da história da medicina; e a terceira, o prêmio Francisco Fialho, que leva o nome de um grande nome da história da medicina, falecido há um mês, agraciará o melhor pôster do congresso.
Antonio Braga anima-se ao comentar sobre o número de inscritos, que vem crescendo ano a ano. Em 2010, já são esperadas cerca de 400 participantes. "É crescente o interesse pelo tema, assim como também vem aumentando o número de associados à Sociedade Brasileira de História da Medicina e suas regionais. Ele também ressalta como a história da medicina está, progressivamente, voltando a fazer parte dos currículos das faculdades. "Temos um curso pré-congresso, sobre métodos e fundamentos da história da medicina, que muito deverá ajudar os professores e alunos interessados no assunto." O secretário executivo frisa que uma das palestras traçará um panorama do ensino da matéria na graduação e na pós-graduação dos cursos de medicina no Brasil.
"Nos primórdios, a história da medicina era uma disciplina integrante e obrigatória dos cursos médicos, mas que, com o correr do tempo, foi sendo deixada de lado. Nos últimos anos, no entanto, várias universidades – como a UFRJ, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Severino Sombra (USS) – vêm retomando a inclusão da cadeira, por entenderem sua importância na formação de um clínico", defende Antonio Braga. Como ele explica, um médico que não conhece o passado "é também incapaz de reconhecer o valor das conquistas que o antecederam, de ver os erros que o precederam e macularam o exercício da arte de Hipócrates, e de vislumbrar um futuro mais venturoso para os herdeiros de Esculápio, o deus da medicina. Estudar essa história é compreender a prática médica, como Hipócrates recomendava: a medicina a serviço dos que sofrem. Em outras palavras, humanista, generalista, crítica, reflexiva, inserida e cidadã."
Assessoria de Comunicação FAPERJ