Os Sinos Missioneiros
O professor conta que os sinos estiveram em disputa na Batalha de San Carlos, à época província jesuítica do Paraguai, e eram objeto de cobiça do Império brasileiro, sob a expectativa de que tivessem ouro e prata em suas composições. Pesquisa realizada no Laboratório Central de Microscopia e Microanálise da PUCRS revelou, entretanto, que eles são feitos de bronze. Um dos sinos mede 70cm x 70cm e tem impresso, em números romanos, duas datas: 1714 e 1715. Na parte superior, em latim, diz pertencer ao povo de São Carlos, atualmente província de Corrientes, na Argentina.
O segundo, do ano de 1732, tem impresso, além do ano, seu local de fundição: a redução jesuítica de La Santísima Trinidad do Paraná, tombada pela Unesco em 1993 como patrimônio da Humanidade e, atualmente, pertencente ao Paraguai. Ele mede 60cm x 60cm, possui escritas em espanhol e também imprime o nome de seu fundidor, o índio Iganatius Guarepi.
A análise de Hüttner também identificou que os dois objetos possuem semelhanças com outros sinos missioneiros, como a tipografia impressa e símbolos de cruzes formadas por pequenos losangos. A Paróquia abriga, ainda, um terceiro sino, brasileiro, fabricado no ano de 1950.
A União de Três Países
Diariamente, os sinos argentino, paraguaio e brasileiro, entoados juntos, representam a união da história dos três países. A pesquisa de Hüttner e a identificação dos objetos missioneiros impacta em novidades sobre a história das missões no sul da América. Segundo o professor, os sinos poderiam estar perdidos ou fundidos, mas a própria história local de Caçapava do Sul os preservou. "Essa descoberta também é importante para a população e sua identificação com a história da cidade". Ele finaliza refletindo que os sinos são anteriores à criação da própria Paróquia Nossa Senhora da Assunção.
Na última sexta-feira, 31 de março, os sinos missioneiros foram abençoados em uma cerimônia aberta à população da cidade e também foram escolhidos seus padrinhos, resgatando uma tradição da igreja. Na oportunidade, também foi inaugurada uma exposição sobre as descobertas da pesquisa. Hüttner pretende levar o estudo ao conhecimento de representantes da Argentina e Paraguai, aproximando a relação com os países através de suas histórias.