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O Museu Ferroviário de Tubarão foi fundado em 1997 pela Sociedade dos Amigos da Locomotiva a Vapor para resgatar e preservar a história das ferrovias em Santa Catarina.  Reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAM como o maior conjunto de acervo ferroviário do Sul, o Museu apresenta máquinas a vapor, vagões, móveis, documentos e outros objetos que contam a história de mais de 100 anos de ferrovia.
Foi pensando nisso que o acadêmico de jornalismo, Bruno Tomaz, e o professor Mário Abel Bressan criaram um projeto intitulado “Memória Falada” para contar as memórias de ex-funcionários ligados à Estrada de Ferro Tereza Cristina através de depoimentos gravados em vídeo que serão transformados em documentário posteriormente. A proposta foi submetida e aprovada pelo edital do Programa de Bolsas de Pesquisa e Extensão do Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior – FUMDES, do Governo Estadual

O professor Mário, orientador do projeto, conta que a aprovação veio em outubro do ano passado, quando começaram os primeiros contatos. “Em outubro fomos contemplados e em novembro de 2015 já iniciamos o contato com o Museu. O Bruno agenda as entrevistas, que são gravadas em vídeo, pedido da própria administração do Museu”, comenta.

Para Bruno, o principal objetivo do trabalho é resgatar a memória que o acervo ainda não tem. “Tubarão e os municípios onde a linha férrea passou deixou desenvolvimento e a cultura ferroviária era muito forte e foi se acabando. Principalmente pois quem trabalhava na época foi falecendo e as histórias se perdendo. Para aliar ao acervo que o museu tem, nós pensamos em resgatar, não deixar morrer essa cultura”, afirma.

Como funcionará o projeto

Cerca de 40 ex-funcionários participarão do documentário. Maquinistas, foguistas, mecânicos, agentes de almoxarifado e outros aposentados entre 45 e 95 anos. As entrevistas são marcadas pelo Bruno através da Museóloga, Silvana de Souza. Ela explica que é importante preservar essas memórias para o entendimento do contexto das diferentes épocas dentro da ferrovia, seus modos de trabalho, a relação da comunidade e os aspectos culturais. “Este patrimônio representa um dos principais elementos do desenvolvimento regional: a ferrovia e o carvão mineral. Sem esse registro muito da história será perdida e muito dos significados das peças do museu também. Ao registrar as falas dos ferroviários o patrimônio cultural imaterial ganha voz, corpo e sentido”, defende.

Por semana são marcadas entre três e cinco entrevistas, que devem levar até dois meses para serem concluídas. Um dos entrevistados é o próprio fundador do Museu, Doutor José Warmuth, de 83 anos. Ele trabalhou por 20 anos como médico na Ferrovia e descreve como carinhosa a ideia do projeto. “É importante os depoimentos para que saibamos como era a ferrovia nos seus primórdios ou em um passado não tão distante. A ideia é muito interessante e valoriza os entrevistados. Eles se sentem prestigiados e lembrados quando são chamados para contar a vivência”, destaca.  

O próximo passo é a edição de um curta-metragem e a criação de um livro de crônicas com as histórias dos ex-funcionários. O projeto “Memória Falada” vai até agosto de 2017.

A HISTÓRIA DA ESTRADA DE FERRO DONNA TEREZA CRISTINA

A Estrada de Ferro Donna Tereza Cristina foi construída entre 1880 e 1884 por ingleses no sul de Santa Catarina. O objetivo era transportar o carvão mineral extraído na região de Lauro Muller até o Porto de Imbituba. Em mais de 130 anos de história já transportou passageiros, animais e mercadorias. Atualmente conta com 164 km de linha férrea entre os municípios de: Imbituba, Laguna, Pescaria Brava, Capivari de Baixo, Tubarão, Sangão, Jaguaruna, Içara, Criciúma, Siderópolis, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Urussanga e Forquilhinha.

Em 1997 a concessão da ferrovia foi dada à empresa Ferrovia Tereza Cristina S/A, que transporta o carvão mineral desde a bacia carbonífera até o complexo termoelétrico de Capivari.