Filho de farmacêutico e professora, nasceu em 1922, em Montes Claros, Darcy Ribeiro – uma das personalidades mais inquietas do século passado. Como antropólogo, trabalhou junto aos índios do Pantanal, Brasil Central e da Amazônia. Fundou o Museu do Índio e criou o Parque Indígena do Xingu e deixou uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena. Foi um dos idealizadores da Universidade de Brasília (UnB), sendo seu primeiro reitor. Foi homenageado com o título de doutor "honoris causa" da UnB, deu nome ao seu principal campus onde foi construído o Memorial Darcy Ribeiro, carinhosamente apelidado de Beijódromo.
A gestação de uma nova homenagem foi iniciada em 2009 quando a Secretaria de Comunicação da UnB convocou jornalistas e pesquisadores para um desafio inovador que era a criação de uma nova revista de divulgação científica e cultural. O desafio foi aceito e foi então criada DARCY, inspirada no fato de que a universidade não se voltasse somente para ela mesma, mas ter também, um papel na educação fora de seus muros. A missão da nova revista tem múltiplas dimensões. A primeira é a divulgação para toda a sociedade das atividades científicas e culturais que ocorrem no cotidiano da UnB. A segunda seria a de proporcionar um novo instrumento pedagógico para o ensino médio. A terceira seria a de criar um espaço para a capacitação de recursos humanos na área do jornalismo científico. As matérias são redigidas por jornalistas baseadas em informações colhidas junto aos cientistas e estudantes.
Revistas especializadas são os veículos de comunicação da produção de novos conhecimentos entre os cientistas. No entanto, a divulgação desses avanços para o público em geral é um desafio continuo. Quando o cientista divulga o seu trabalho presta contas à sociedade daquilo em que ela investiu. Isso cria uma cumplicidade de que o investimento acaba retornando em benefícios para a sociedade. Isso também incentiva os professores do ensino básico a se manterem atualizados quanto aos avanços científicos. Um pesquisador tem de explorar um modo de divulgar o seu trabalho de maneira clara e precisa, compartilhando o seu conhecimento em ciência com professores, com jovens em idade escolar e a sociedade como um todo.
A divulgação científica é o melhor instrumento para dar uma existência social à produção do saber e esse tipo de atividade deve ser estimulado e reconhecido no âmbito das universidades, nos centros de pesquisas e pelas agências de fomento. Cada vez mais a comunidade científica entende a necessidade de compartilhar a ciência que é construída nos laboratórios e outros espaços acadêmicos. Se não comunicada e não devidamente divulgada, é ciência que não existe.
A revista tem uma versão impressa e uma versão eletrônica http://www.revistadarcy.unb.br/. Em cada edição da DARCY um tema central é selecionado para ser abordado de forma profunda. Na sua primeira edição o tema escolhido foi as pesquisas conduzidas por Charles Darwin que resultaram na introdução de novos paradigmas na ciência. Nas edições posteriores seguiram-se outros temas: o cerrado, a inovação tecnológica, o campus da inspiração (UnB), pesquisadores reescrevendo a história do século XIX, biodiversidade, arquitetura de Brasília, o cérebro humano e a importância da nutrição.
Uma das sessões mais apreciadas é a "Arqueologia de uma idéia" onde é feita uma linha de tempo em linguagem acessível, de descobertas importantes para a humanidade como o a criação do computador, o desenvolvimento das vacinas, o mundo antes dos mapas virtuais, o microscópio, a eletricidade, o dicionário e a escova de dentes. O jornalista João Campos, escalado para fazer uma reportagem sobre as obras de Niemeyer no campus, descobriu nos porões do Instituto Central de Ciências croquis inéditos feitos em 1962 pelo mestre que nunca saíram do papel. A ditadura impediu que os sonhos do gênio se transformassem em concreto. A reportagem foi capa da DARCY na sua terceira edição e é um belo exemplo de jornalismo investigativo.
Além da distribuição interna para professores, estudantes e funcionários, todos os professores do ensino médio das escolas públicas recebem um exemplar da revista. Após o lançamento de cada edição, oficinas sobre os temas são realizadas na UnB, com a participação de professores, visando o melhor aproveitamento da revista como instrumento pedagógico.
Ao longo dos últimos anos, editores, um comitê editorial composto de mais de uma dezena de acadêmicos, jornalistas, designers, fotógrafos e relações públicas, consolidaram uma experiência para produzir uma revista de qualidade que tem sido muito bem recebida pela comunidade universitária, pela comunidade do ensino básico, pelo público em geral e pelas equipes responsáveis por publicações semelhantes.
A DARCY sem dúvida vem enriquecer os instrumentos de comunicação do Distrito Federal que conta agora com um periódico de divulgação científica que deverá apontar para toda a sociedade a importância da ciência, permitindo que todos possam utilizá-la para a melhoria da qualidade de vida e o melhor entendimento do mundo.
A Universidade de Brasília comemora no dia 21 de abril de 2012 o seu Jubileu. Nessa data será lançada uma edição especial de DARCY, a décima, com registros da história de uma universidade que foi concebida para inovar e que tem uma missão a cumprir e prol da educação brasileira como sonhada por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.
Fonte: UnB Assessoria de Imprensa
Isaac Roitman é doutor em Microbiologia e professor aposentado da UnB. É presidente do Comitê Editorial da Revista Darcy.
