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A morte é um tema universal, mas cada cultura a experimenta de maneira peculiar. Os povos mesopotâmicos, por exemplo, embalsamavam e enterravam cuidadosamente seus mortos, que deveriam ser acompanhados de todas as suas marcas de identidade pessoal e familiar, uma vez que acreditavam na vida após a morte.
Na sociedade hindu, o morto era privado de quaisquer traços identitários: o corpo era incinerado e as cinzas lançadas ao vento ou nas águas dos rios, já que a morte significa retorno à paz originária, ao Eterno.

Ao mesmo tempo em que gera angústia, a morte fascina e instiga a imaginação humana. É por isso que o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, em parceria com o Acervo Artístico-Cultural do Palácio do Governo, criou a mostra A Vida após a Vida – Testemunhos da Passagem. Organizada a partir de coleções recém-incorporadas ao MAE, a exposição tem como objetivo promover a diversidade e valorizar a diferença através das maneiras como as várias culturas celebram os seus mortos. Estão expostos 37 objetos relacionados a rituais funerários e ao sepultamento.

Retratos da
"A mostra visa a destacar a capacidade dessas culturas de transformar cerimônias fúnebres em situações especiais de unificação grupal, de continuidade entre passado, presente e futuro e de incorporação dos antepassados no projeto de construção da memória e identidade", afirma a professora Marília Xavier Cury, coordenadora da exposição.

A mostra está dividida em quatro blocos. O primeiro deles é "Bororo: A Restauração do Equilíbrio", que exibe, entre outros artefatos, os plumários utilizados durante um processo ritual de três meses de duração. No funeral Bororo, povo indígena que habita a região do Pantanal, o morto é enterrado provisoriamente até que ocorra o sepultamento definitivo de seus ossos em cesto funerário.

O segundo quadro é "Kuarup: uma Homenagem". Kuarup é o nome dado pelos povos do Parque Indígena do Xingu ao ritual que celebra os mortos ilustres. Trata-se de uma honraria à pessoa falecida, que adquire status igual aos ancestrais das narrativas míticas, daqueles que conviveram com Mawutzinin, uma deidade considerada pela mitologia o primeiro homem do mundo. Estão expostos o poste cerimonial e os adornos que ostentam, personificando o homenageado.


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A Sociedade Marajoara dá sequência à narrativa expositiva através das ricas composições e padrões decorativos das urnas funerárias marajoaras. Essa cultura floresceu entre os séculos 4 e 14 na Ilha do Marajó, Pará, e suas urnas harmonizavam figuras humanas e animais, o figurativo com o abstrato e a decoração pictórica com relevos.

Finalmente, "Egito e a Casa da Eternidad"e traz um sarcófago e placas de calcário, com mensagens dos vivos para os deuses. Para os egípcios, a morte era o início de uma nova existência, semelhante à anterior, e por isso os corpos deveriam ser preservados para sua perpetuação na pós-vida, o que seria feito por meio da mumificação. A Casa da Eternidade ou tumba era o espaço destinado ao culto e proteção da múmia, guarda dos objetos preciosos, bebidas e alimentos que acompanhariam o morto ao outro mundo.

A exposição fica em cartaz até 2 de agosto, com visitação de terça a domingo, das 10h às 17h, no Palácio dos Bandeirantes (av. Morumbi, 4.500, portão 2). Informações no site www.acervo.sp.gov.br. Grátis.

Assessoria de Imprensa da USP