O evento – que conta com a exposição de desenhos, fotos, vitrines com objetos e um vídeo com depoimentos – foi apresentado em 2010 na própria faculdade, na Cidade Universitária. “A intenção com esta segunda montagem é estender o público da exposição para os não frequentadores da Ilha do Fundão, interessados em Arquitetura e Urbanismo, ampliando a interlocução da Faculdade com setores externos”, explica a professora Maria Paula Albernaz.
“O evento comemora o marco institucional de criação da Faculdade Nacional de Arquitetura em consequência da separação do ensino de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, em 1945”, salienta a professora sobre a história da FAU. Ela lembra que a FAU pode ser considerada a herdeira do curso de Arquitetura mais antigo no Brasil, inaugurado no início do século XIX.
História
A Faculdade tem sua origem na Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, fundada em 1816 por D. João VI. A Coroa portuguesa criou a escola devido à chegada de uma comitiva francesa de artistas, acolhida por D. João na esperança de que eles pudessem ajudar nos processos de renovação do Rio de Janeiro e de afirmação da corte no país.
Devido a problemas burocráticos entre os dois países e o desconhecimento dos brasileiros sobre a importância cultural das artes, a escola só começa a funcionar de fato com a instalação da Academia Imperial das Belas Artes. Com o advento da República, no final do século XIX, a Academia muda o nome para Escola Nacional de Belas Artes. Em 1945, a então chamada Faculdade Nacional de Arquitetura seria desvinculada da Escola. Após a mudança definitiva para a Cidade Universitária, em 1961, a instituição foi rebatizada com o nome atual de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).
A exposição busca relembrar os grandes nomes que passaram pela instituição, como os irmãos Marcelo, Mílton e Maurício Roberto, pioneiros na introdução do modernismo no Brasil. O estilo de seus projetos fazia parte da chamada “Escola Carioca” que predominou nos anos 40 e 50, tentando dar às construçoes um brazilian style como contraponto ao international style. Os irmãos projetaram, em 1936, o edifício-sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e o Aeroporto Santos Dumont, nos anos 40.
Outro aluno da faculdade, o arquiteto Jorge Machado Moreira, formado em 1932, foi o responsável pela equipe que fez o plano urbanístico e arquitetônico do campus da UFRJ, na Cidade Universitária. O prédio da atual FAU foi projetado por ele, seguindo os princípios da arquitetura moderna.
Já Afonso Eduardo Reidy, formado em 1930, projetou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), com o projeto paisagístico de Burle Marx, também ex-estudante da UFRJ.
Oscar Niemeyer, o mais conhecido dos arquitetos brasileiros, formou-se na Escola de Belas Artes, em 1934. Ele tem inúmeras obras famosas, como o Parque do Ibirapuera, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O reconhecimento internacional de Niemeyer veio com o prêmio Pritzker, em 1988, conhecido como o “Nobel da arquitetura”.
Segundo os organizadores da exposição, a UFRJ ajudou a projetar o país, formando profissionais competentes e criativos. A exposição “FAU 65” mostra a caminhada da instituição e do país em busca de uma identidade nacional através de suas construções.
A professora Maria Paula Albernaz destaca esse aspecto, ressaltando os depoimentos que fazem parte da exposição: “Encontramos uma parte significativa da história da FAU que, por vezes, se confunde com a história da Arquitetura, da cidade e do país, resgatando aspectos variados da formação do arquiteto e urbanista.Os depoimentos nos brindam também com ensinamentos sobre a Arquitetura brasileira através de reflexões contemporâneas e com propostas para o ensino”.
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